Fundos Emergentes levantam US$ 10 bilhões em duas semanas
Os fundos de ações emergentes continuaram se beneficiando da expectativa de uma nova rodada de estímulo nos Estados Unidos. Na semana encerrada dia 13 de outubro, essas carteiras levantaram US$ 4,1 bilhões. Em apenas duas semanas a soma captada passa dos US$ 10 bilhões.
Publicado 15/10/2010 16:18
No acumulado de 2010, os emergentes já receberam aportes de US$ 60 bilhões. E do total, US$ 23,3 bilhões entraram nesses mercados desde o começo de setembro.
Na avaliação da EPFR Global, consultoria responsável pelo levantamento, os agentes passam a olhar além do dólar baixo, e se posicionam tentando tirar vantagem do crédito barato que continuará sendo ofertado pelos Estados Unidos para estimular não só a recuperação americana, mas da economia mundial.
Os Fundos de Ações do Brasil seguiram se beneficiando desse ambiente, apesar da preocupação dos investidores com a possibilidade de novas medidas restritivas ao capital externo. Na semana, foram investidos US$ 200 milhões, que contribuíram, também, para o desempenho positivo dos Fundos de Ações da América Latina.
O destaque, novamente, ficou com o grupo Mercados Emergentes Globais (GEM, na sigla em inglês), que concentrou mais de US$ 2 bilhões. Os Emergentes da Ásia (excluindo Japão) ganharam mais de US$ 1 bilhão. E os Emergentes da Europa, Oriente Médio e África (EMEA, na sigla em inglês) ficaram com US$ 381 milhões.
Neste relatório, a EPFR Global chamou atenção aos “Frontier Markets”, grupo composto por mais de 20 países vistos como os emergentes de amanhã. Os fundos de ações que investem nesses países (Leste Europeu, África e sudeste asiático) receberam aportes pela 20ª semana consecutiva. No ano, a soma passa dos US$ 2 bilhões.
Segundo a consultoria, o fluxo para esses mercados supera com folga os US$ 690 milhões que os Fundos BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) levantaram no ano. Para dar uma ideia de como a movimentação dos investidores mudou, em 2009 os BRICs levantaram 33 vezes mais dinheiro que os “Frontier Markets”.
Na semana do dia 13 não foram apenas os fundos de ações emergentes que tiraram partido desse tom positivo. Segundo a EPFR Global, apenas um entre todos os fundos de ações acompanhados não ganhou dinheiro novo.
No cômputo geral, todas as carteiras de ações levantaram US$ 7,63 bilhões. Já os fundos de bônus, ficaram com US$ 5,7 bilhões. Apesar de toda essa movimentação, os “money market funds”, de baixo risco e retorno, apresentaram saques modestos.
Nos mercados desenvolvidos, os investidores também foram em busca de oportunidade nesses mercados, conforme cresce a certeza que o Federal Reserve (Fed), o banco central americano, vai atuar para estimular a economia dos Estados Unidos.
Os Fundos de Ações dos Estados Unidos absorveram mais de US$ 2 bilhões, com dinheiro indo para diversos tipos de veículos.
As carteiras com foco na Europa ganharam dinheiro, mas em volume mais modesto, já que há a percepção de as autoridades monetárias da região serão mais ortodoxas do que seus pares.
Destoando não só entre os desenvolvidos, mas dentro de todo o universo de fundos de ações acompanhado pela EPFR Global, os Fundos de Ações do Japão perderam dinheiro, conforme os investidores se mostram mais preocupados com a valorização do iene e com a persistente deflação que assola a ilha.
Entre os fundos setoriais, a movimentação foi pouco expressiva. O destaque da semana ficou com as carteiras de Bens de Consumo. Os investidores tentam se posicionar para as venda de fim de ano, que podem ganhar impulso do crédito barato ao redor do mundo. Pelo mesmo motivo os veículos que investem em Tecnologia também ganharam algum dinheiro.
A percepção de que a China está refazendo seus estoques de aço e de que pode ocorrer um falta de milho deram fôlego aos fundos de Commodities. Os setoriais de Imóveis/Construção voltara a levantar dinheiro. O movimento de consolidação e os juros historicamente baixos dão fôlego às apostas no setor que o foi o gatilho da crise de 2008.
Chama atenção o fato de as captações acumuladas no ano já se aproximarem de US$ 4,5 bilhões, o que representa 85% do recorde de pouco mais de US$ 6 bilhões registrado em 2006.
Encerrando com a renda fixa, os Fundos de Bônus de Mercados Emergentes ganharam mais US$ 1,5 bilhão, elevando o acumulado do ano para cima dos US$ 41 bilhões. De acordo com a consultoria, os investidores institucionais respondem por mais de 50% desse dinheiro. Em 2009, as pessoas físicas foram os grandes tomadores desses títulos, respondendo por 80% do total.
Fonte: Eduardo Campos, do Valor