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Metas do PAC fazem governo injetar R$ 24 bi em estatais

O governo federal colocou nas mãos de quatro estatais o futuro de alguns de seus projetos mais ambiciosos na área de infraestrutura. Com investimentos de R$ 24 bilhões em capitalização, reestruturação e criação de estatais nos próximos dois anos, o governo quer garantir a continuidade das obras e das metas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). 

Duas dessas estatais ainda não saíram do papel, mas já estão com seus planos de estruturação concluídos. Para operar as obras de transposição do rio São Francisco, projeto estimado em R$ 6,6 bilhões, será criada a "Agnes", sigla para Água de Integração do Nordeste Setentrional. O nome ainda é provisório, mas o estatuto da empresa, vinculada ao Ministério da Integração, está pronto e deve ser encaminhado nos próximos dias ao presidente Lula e, depois, ao Congresso. A situação é parecida com a da Empresa de Transporte Ferroviário de Alta Velocidade (Etav), desenhada para liderar a construção do trem-bala, entre as cidades de Campinas (SP), São Paulo e Rio de Janeiro. Embora o projeto ainda seja alvo de críticas quanto à sua viabilidade econômica, o governo já alocou R$ 440 milhões na proposta orçamentária de 2011.

Dado o prazo apertado para aprovação dos projetos de lei que criam as duas estatais, elas só devem entrar em operação em 2011. Com o Congresso parado até o segundo turno, pautas prioritárias devem passar à frente dos projetos e, por isso, não está descartada a possibilidade de serem editadas medidas provisórias.

Outras duas estatais que estavam "adormecidas" ganharam vida para encampar projetos prioritários do governo: a Telebrás assumiu o comando do Plano Nacional de Banda Larga e lidera um pacote de investimentos de R$ 3 bilhões em dois anos, enquanto no setor ferroviário a Valec Engenharia vai operar 9 mil km de trilhos no país. Criada em 1989, a empresa chegou a 2006 com capital social de R$ 920,1 milhões. No início deste ano, o governo elevou a cifra para R$ 2,6 bilhões. Em julho, a Valec recebeu mais um aumento de capital, dessa vez de R$ 1,037 bilhão, por meio de decreto.

Entre 2003 e 2009, o Tesouro promoveu o fortalecimento das estatais e aplicou R$ 68,3 bilhões para capitalizá-las. Essas empresas, que investiram R$ 18,7 bilhões em 2003, aplicaram R$ 59,8 bilhões em 2009. O aporte nos cofres das estatais se aproxima de 2% do PIB. Com o início das obras previstas no PAC 2, a tendência é que esses recursos aumentem. O PAC 2 tem previsão de investimentos de R$ 958,9 bilhões de 2011 a 2014. Os recursos destinados às duas etapas do PAC somam R$ 1,59 trilhão.

Fonte: Valor Econômico, por André Borges e Tarso Veloso