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França protesta pela pela 5ª vez contra reforma da previdência

Centenas de milhares de trabalhadores e estudantes participaram hoje, em Paris e no interior, da quinta mobilização consecutiva contra o projeto de reforma da previdência proposto pelo presidente da França, Nicolas Sarkozy.

A nova jornada de ação convocada pelo grupo intersindical teve menor adesão, mas outra paralisação já foi marcada para terça-feira (19). O objetivo é impedir que o projeto de lei, em trâmite no Parlamento, seja retirado em prol de novas negociações.

Como nas anteriores, a paralisação se estendeu por todo o país e ao menos 230 passeatas foram realizadas. O objetivo dos organizadores era reunir, apesar da chuva, o mesmo número de manifestantes da jornada no sábado, 2 de outubro, quando pelo menos 900 mil, segundo dados do Ministério do Interior, foram às ruas. Mas números parciais divulgados ao meio – dia local indicavam uma adesão ligeiramente inferior: 340 mil participantes, contra 380 mil no início do mês.

Mesmo com a menor mobilização, os trabalhadores não diminuíram o tom das exigências e reivindicaram a retirada do projeto de lei em análise no Senado. Em Paris, um dos gritos de ordem da passeata era: "O que o Parlamento fez, a rua pode desfazer."

"Nós pedimos claramente ao Senado que não vote a lei nos atuais termos", afirmou o secretário-geral da Confederação Geral do Trabalho (CGT), Bernard Thibault. "Queremos a reabertura das negociações com os sindicatos." Fortalecido nos últimos 10 dias pela participação de estudantes secundaristas, a união intersindical passou a adotar o discurso do Palácio do Eliseu, acusando o governo de estar paralisando a atividade política e econômica ao não reabrir as discussões sobre a reforma.

"Estamos frente a um governo que radicalizou e está bloqueando o país", protestou François Chérèque, secretário geral da Confederação Francesa Democrática do Trabalho (CFDT).

A reforma da Previdência está em análise e deve ser votada na quarta-feira (20) no Senado, mas artigos decisivos, como a elevação da idade mínima de aposentadoria de 60 para 62 anos e do benefício integral de 65 para 67 anos, já foram aprovados tanto por deputados quanto por senadores.

Reexame

Ainda assim, pela legislação francesa, haveria espaço para a reabertura do debate, já que a lei ainda precisaria passar por uma comissão mista do Parlamento e por um reexame simbólico nas duas casas.

Daí a insistência dos sindicalistas nos protestos de rua. A expectativa é de que as manifestações ganhem corpo a ponto de repetir o sucesso das manifestações de 2006, que reverteram o projeto aprovado que criava o Contrato de Primeiro Emprego (CPE), proposto pelo então primeiro-ministro, Dominique de Villepin.

"Vocês sabem por experiência que mesmo uma lei aprovada não encerra a contestação", relembrou Thibault, falando à imprensa francesa e estrangeira. Em resposta, o porta-voz da União por um Movimento Popular (UMP), o partido de Sarkozy, garantiu que não haverá novas negociações.

"Chegamos ao fim do que poderia ser modificado. Nós queremos salvar o regime e é com esse texto que chegamos ao bom equilíbrio", reiterou Dominique Paillé. "Não mudará nada no conjunto da reforma."

A situação do governo, porém, é cada vez mais delicada. Nova pesquisa indicou a rejeição da opinião pública ao projeto de reforma de Nicolas Sarkozy. Segundo o instituto Ifop, 57% dos franceses são favoráveis à elaboração de um novo projeto de reforma de aposentadoria. Só 27% defendem a manutenção do atual projeto.

Fonte: O Estado de S. Paulo