Imprensa cearense repercute Lúcio trocar Dilma por Serra

Após anunciar na última sexta-feira (115/10) sua decisão de trocar o apoio a Dilma por José Serra, Lúcio Alcântara, foi alvo de críticas por parte da imprensa cearense.

Charge contra Lúcio Alcântara - Diário do Nordeste

Segundo o jornalista Edison Silva, do Diário do Nordeste, foram muitas as manifestações comentando a decisão do ex-governador cearense. “Menos de dez por cento dessas mensagens aplaudiram a decisão de Lúcio, mas o restante não é nada agradável, incluindo as consideradas grosseiras, por atingirem o comportamento ético e moral daquele homem público”, afirmou.

Na edição publicada no último domingo, o editor de Política do jornal destacou um dos comentários. "O ser humano dificilmente digere as mudanças. O sr. Lúcio Alcântara, um contumaz perdedor de eleições, alinha-se a quem os derrotou. Bastou as pesquisas apontarem uma subida do tucano, que Lúcio e outros oportunistas da política se bandearam para ele. É muito bom este ajuntamento, pois assim a surra de votos atingirá a todos. Fora os oportunistas de plantão", concluiu.

Para Edison Silva, o ex-governador poderia ter abandonado a candidatura de Dilma Rousseff. “Não o fez e deu margem a comentários nada lisonjeiros ao seu comportamento. Ao fazê-lo agora, só ofereceu subsídios aos que se aproveitam de ações negativas de um ou outro político, para generalizarem a falta de ética da classe política nacional”, considera o jornalista que acrescento: “Os eleitores precisam ser respeitados. Inconcebível se transmitir ao longo de alguns meses uma mensagem de apoio a determinado candidato, ressaltando as suas qualidades e, de um momento para outro, sem razões plausíveis, assimiladas pelo eleitorado vai defender a candidatura de um adversário”.

Colunistas do O Povo também comentam decisão

As colunas de Política publicadas pelo Jornal O Povo após o anúncio de Lúcio Alcântara também repercutiram a decisão. No sábado (16/10), Kamila Fernandes assinou a coluna e justificou: “A política é dinâmica, isso todo mundo sabe. Ora vemos brigas, ora alianças, e sempre com os mesmos personagens. Tudo depende da “conjuntura”, que, no fundo, significa o jogo de interesses e o modo como estes estão ou não sendo atendidos em determinado momento”. Apesar da contextualização, a jornalista defende que o dinamismo deve ter limite. “Ainda se espera certa coerência dos personagens em questão, ainda mais no meio de um processo eleitoral. Diante disso, o que pensar do novo posicionamento de Lúcio Alcântara (PR), anunciado na sexta-feira, de abandonar o apoio até então garantido a Dilma Rousseff (PT) e transferi-lo para José Serra (PSDB), justo no momento em que o tucano cresce nas pesquisas de intenção de voto e a petista perde pontos? (…) a impressão que fica é de um imenso oportunismo político, algo absolutamente dispensável para servir de fecho para sua carreira política”, argumentou.

Já nesta segunda-feira (18/10), o mesmo jornal O Povo ratifica a crítica a Lúcio Alcântara. Desta vez assinada por Érico Firmo, a coluna de Política comenta: “Inusitada, mas sintonizadíssima com o clima da campanha, é o mínimo que se pode dizer da ‘virada de casaca’ do ex-governador Lúcio Alcântara (PR) entre o primeiro e o segundo turno”. Segundo o jornalista, “seja como for, a atitude de Lúcio deixou no ar a impressão de rancor e oportunismo. Afinal, vinculou sua imagem a Dilma – que o tempo todo apareceu em vantagem na sucessão presidencial no Estado – enquanto dela podia tirar vantagem como candidato. E pulou de lado quando dela não tinha mais nada a ganhar (… ) Bonito não foi”.

De Fortaleza,
Carolina Campos