Gutemberg Dias: O PCdoB e a formação política
O grande diferencial do Partido Comunista do Brasil é ter uma militância formada. Porém, se faz necessário fazer uma autocrítica, principalmente, eu que sou dirigente partidário e ocupo a presidência do Partido em Mossoró/RN, em relação a falta de formação do contingente militante e, também, a reciclagem dos velhos comunistas.
Por Gutemberg Dias*
Publicado 03/11/2010 07:03 | Editado 04/03/2020 17:08
Para se ter uma ideia o Partido ao ser reorganizado esteve intimamente ligado ao pensamento marxista-leninista, porém com uma grande discussão e adoção do maoísmo em suas bandeiras, quando do alinhamento com o Partido Comunista da China (PCCh) e que de certa forma orientou a investida revolucionária guerrilheira do Partido no Araguaia.
Desse período para cá, muitas mudanças aconteceram no seio da sociedade brasileira e o Partido, imerso no processo dialético, também, veio alterando sua linha programática e adequando o pensamento revolucionário ao novo Brasil que foi sendo forjado após a abertura política arquitetada pelos generais.
Diante dessas mudanças ao longo da linha histórica partidária é imprescindível que haja um esforço partidário para garantir a formação dos seus quadros novos e a reciclagem do quadros antigos.
O marxismo precisa ser apresentado de forma clara e concisa a todos os membros do PCdoB. Hoje para se ter uma ideia, muitos que fazem o PCdoB não conhecem a história de sua constituição e os vários caminhos que ele seguiu para chegar aos dias atuais. Tão pouco conhecem as bases teóricas no qual o Partido está alicerçado.
Não credito culpa à militância e/ou mesmo ao Partido por essa falta de formação, pois sabemos as condições materiais que o PCdoB enfrenta para sobreviver nesse cenário político, onde o poder econômico é o principal formador e sustentáculo das agremiações partidárias.
Mas, mesmo nesse cenário de adversidade é notório que um esforço dos quadros mais preparados poderá garantir a formação básica de um grande contingente de militantes. Bem como, esse mesmo esforço poderá melhorar a formação dos quadros intermediários visando à ampliação do arsenal de indivíduos que possam replicar nossas linhas programáticas e ideológicas.
Aos quadros dirigentes do PCdoB é inaceitável a falta de leitura de Marx, Engels, Lenin, Gramsci e tantos outros teóricos do marxismo, bem como, as resoluções e documentos editados pelo Comitê Central. Mas, essa falta de leitura é corrente em todos os níveis de direção, causando, por vezes, análises errôneas dos cenários políticos vivenciados por esses dirigentes.
Num contexto onde precisamos preparar o PCdoB do Rio Grande do Norte para embates mais qualificados, teremos de buscar junto a Secretaria de Formação Estadual uma agenda proativa e, sobretudo, ousada para formar novos quadros e reciclar os quadros antigos que, por alguma deficiência ou, mesmo, por autosuficiência deixaram de lado o estudo sistemático das teses partidárias e das bases teóricas do PCdoB.
Para mim o caminho que poderá levar o PCdoB a vôos mais altos passará sem sombra de dúvida pela formação sistemática do quadros que chegam às fileiras partidárias. O caminho já é conhecido o que se precisa fazer é agir!