Jô Moraes saúda Dilma e conclama movimento contra obscurantismo
No retorno das sessões plenárias da Câmara, após o segundo turno da eleição presidencial, a deputada federal reeleita Jô Moraes (PCdoB/MG) foi hoje (3) à tribuna da Casa parabenizar os brasileiros pela escolha de uma mulher para dirigir o País e denunciar preconceito e obscurantismo. Segundo a parlamentar, “nunca enfrentamos uma disputa em que o preconceito, o obscurantismo fossem a grande arma para impedir que uma mulher estivesse à frente dos destinos do País”.
Publicado 04/11/2010 14:22 | Editado 04/03/2020 16:50

Jô destacou que quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disputou o Palácio do Planalto em 1989, também sofreu uma série de preconceitos por ser operário e não ter curso superior. “Mas contra a ministra Dilma Rousseff foram avocadas as mais elementares e torpes situações que a mulher cotidianamente enfrenta”. Tudo isso, pontuou, “para acobertar uma visão de que é possível, sim, a mulher assumir os destinos deste País”.
Movimento
Ao concluir o seu pronunciamento, a deputada mineira propôs a construção e instituição de um movimento contra o obscurantismo e preconceito como forma de superar as desigualdades existentes hoje no Brasil, em especial no tocante às mulheres.
Aqui, a íntegra do discurso da deputada federal Jô Moraes:
“Senhor Presidente, grande prócere desta Casa, venho neste momento registrar a grande vitória que a mulher brasileira alcançou neste último pleito. Digo isso não apenas pela eleição da Ministra Dilma Rousseff, eleita futura Presidente de todos os homens e de todas as mulheres do País, mas porque nunca enfrentamos uma disputa em que o preconceito, o obscurantismo fossem a grande arma para impedir que uma mulher estivesse à frente dos destinos do País.
Já tivemos outros momentos como esse, quando o Presidente Lula disputou, em 1989, disputou as eleições e sofreu uma série de preconceitos, entre eles, por ser operário e por não ter diploma superior.
Mas contra a ministra Dilma Rousseff foram avocadas as mais elementares e torpes situações que a mulher cotidianamente enfrenta, tudo isso para acobertar uma visão de que é possível, sim, a mulher assumir os destinos deste País.
Tivemos um retrocesso, já que elegemos menos Deputadas para esta Legislatura do que na anterior.
Vivenciamos um contraditório nesse processo, pois a ministra Dilma tinha em sua defesa dela uma bela história de resistência democrática. Foi uma mulher que teve a coragem, na sua juventude, de arriscar a sua própria vida para enfrentar os desafios de uma ditadura que perseguia todos; que continuou com a convicção democrática, com um amor ao País, com a compreensão de que o desenvolvimento deste País só pode se dar se for também somado com a superação das desigualdades.
E é dentro desse processo que nós, após o início de seu Governo, teremos que construir e instituir um movimento contra o obscurantismo, um movimento contra o preconceito, porque não é possível admitir que nós, mulheres,enfrentemos tamanho obscurantismo, tamanho preconceito.
Nós, que agüentamos as dores do parto, nós, que quotidianamente caminhamos com nossos filhos na sua educação; nós, que partilhamos o amor com nossos companheiros tenhamos que enfrentar o doloroso sacrifício de ser perseguidas por ser apenas mulheres.
Parabéns às mulheres do Brasil! Parabéns ao povo brasileiro! O Brasil merece esta gloria e esta vitória.”
De Belo Horizonte,
Graça Gomes