Sem categoria

Viagem de Lula a Moçambique é chamada de “visita de um amigo”

OO presidente Luiz Inácio Lula da Silva embarcou nesta segunda-feira (8) para uma visita de dois dias a Moçambique. A viagem deverá ser a última de Lula ao continente africano como presidente da República. O jornal local O País destacou a visita de Lula com uma reportagem de capa intitulada: “A visita de um amigo”.

Segundo o periódico, de 2003 a 2010, Lula visitou Moçambique, em média, uma vez em cada dois anos e meio, “um sinal que simboliza o compromisso do iminente cessante governante de restabelecer as raízes com África”.

O chefe da diplomacia brasileira em Maputo, António Souza e Silva, disse que Lula está cumprindo a promessa feita, em 2008, em Maputo, de revisitar o país para se inteirar do ponto de situação dos acordos estabelecidos entre as duas partes.

De acordo com um comunicado da presidência da República de Moçambique, Lula vai conhecer o local onde está sendo instalada uma fábrica de medicamentos antirretrovirais, financiada pelo governo brasileiro.

A unidade industrial vai também produzir outros importantes medicamentos destinados ao Sistema Nacional de Saúde e à exportação. Será a primeira fábrica pública de medicamentos contra a Sida na África. Até agora, o continente tem apenas pequenas fábricas privadas na África do Sul, no Quénia e em Uganda.

Ainda em Maputo, Lula vai orientar, no Instituto Nacional de Ensino à Distância, a aula inaugural do polo da Universidade Aberta do Brasil. Trata-se de uma instituição de ensino à distância, baseada em São Paulo, que vai acolher até nove mil estudantes.

O jornal O País diz ainda que o presidente brasileiro será recebido pelo seu homólogo, Armando Guebuza, no palácio da Ponta Vermelha. “É, na essência, um encontro de dois estadistas amigos”.

Brasil e África

Desde que assumiu a presidência, Lula já esteve em 27 países africanos. O resultado é que entre 2003 e 2009, as relações comerciais entre o continente africano e o Brasil cresceram 20%, de acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior – MDIC – do Brasil.

Em 2006, Brasil só tinha importado mil dólares (36 mil meticais) de Moçambique, o que Lula da Silva considerou inconcebível, tendo instruído o seu executivo a criar uma comissão de acompanhamento da cooperação.

Lula é dos dirigentes brasileiros que mais defendeu “mais África no Brasil” e o presidente moçambicano vai pedir que este compromisso se mantenha com a recém-eleita Chefe de Estado, Dilma Rousseff, que já não vem com esta comitiva.

Nos seus dois mandatos, Lula visitou a África 11 vezes – é o presidente brasileiro que mais viajou ao continente -, onde o Brasil abriu ou reactivou 16 embaixadas nos últimos oito anos.

Lula aumentou trocas comerciais

De janeiro a outubro de 2009, as relações comerciais entre Moçambique e o Brasil cresceram em 253% em relação a igual período de 2008, segundo estatísticas do governo do Brasil.

É que o volume de negócio entre os dois países, no ano passado, foi de cerca de 102 milhões de dólares, contra os pouco menos de 25 milhões do ano anterior.

Porém, a balança comercial é desfavorável para Moçambique em mais de 90%, na medida em que dos 102 milhões de dólares apenas 2.1 milhões correspondem às exportações moçambicanas para o Brasil.

Os produtos industrializados representaram 87,4% das exportações brasileiras para Moçambique, sendo que 12,6% correspondem aos produtos básicos.

Os principais produtos brasileiros vendidos foram aviões, carne de frango – congelada, fresca ou refrigerada -, reboques, semi-reboques, móveis e tratores.

Apoio do Brasil a Moçambique

O Brasil apoia Moçambique na implementação de vários projetos, entre os quais: a formação profissional no sector manufatureiro, com o apoio do Serviço Nacional da Indústria; a formação de mestres em ciências da saúde, com o apoio da Fiocruz, e a informatização do sistema nacional de segurança social, com acompanhamento da Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social.

Dentre os projetos, constam ainda o de melhoramento agrícola nas áreas de reflorestamento de Machipanda – fronteira com o Zimbabwe -, entre outros.

Foi no governo de Lula que, em 2004, a companhia brasileira Vale do Rio Doce, agora Vale, entrou no país para efetuar um investimento na ordem de 1,3 bilhão de dólares na exploração de carvão mineral, na cidade de Moatize.

A Vale também estuda a possibilidade de produzir energia a partir de termoelétricas, num investimento na ordem de 2,3 bilhões de dólares. A mineradora, cujo diretor-presidente, Rogger Agnelli, é assessor internacional de Armando Guebuza, pretende ainda explorar fosfato na província de Nampula.

Um outro gigante brasileiro ganhou o concurso para construir o importante Aeroporto Internacional de Nacala. As obras, estimadas em 112 milhões de dólares, foram adjudicadas à empresa brasileira Odebrecht, que terá 23 meses para transformar a atual Base Aérea de Nacala em aeroporto internacional.

Fonte: O País, de Moçambique