FGV: emprego no RJ cresceu mais na periferia com o bilhete único

O bilhete único de transporte intermunicipal na região do Grande Rio proporcionou ganhos no orçamento familiar e pode ter contribuído para a expansão do emprego formal nos municípios fluminenses. A conclusão é de um estudo do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas (FGV), feito a pedido do governo do Rio de Janeiro e divulgado no dia 11.

O bilhete único foi implantado em fevereiro deste ano pelo governo do estado, um subsídio para os usuários que pagam passagens entre os municípios do Grande Rio e que é aceito em ônibus, barca, metrô, trem e vans legalizadas.

O estudo usou como base os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho (MT) relativo à geração de empregos formais. O estado do Rio criou 149 mil postos de trabalho formais nos primeiros nove meses de 2010, o que constitui o melhor período da série historio do MT.

Segundo a pesquisa, o custo médio diário do transporte intermunicipal em julho de 2009 era de R$ 17,04 no Rio de Janeiro, o mais alto entre as sete capitais pesquisadas pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC), da FGV. Como o bilhete único permite ao passageiro gastar, no máximo, R$ 8,80 por dia com a condução, a economia diária chega a R$ 8,24.

Como o bilhete único é subsidiado pelo governo, o coordenador do estudo, Marcelo Neri, acredita que o programa funcione como uma transferência indireta de recursos do estado para os usuários do transporte. “O subsídio gera uma injeção no orçamento das pessoas de, em média, R$ 2,62 por dia por usuário. Se somarmos todos os dias, temos R$ 50 por mês, por beneficiário, em média. Que acabam indo para as pessoas de mais baixa renda. É uma espécie de Bolsa Família”, disse.

A redução no custo do transporte intermunicipal também pode ter provocado um efeito positivo na geração de empregos nos municípios adjacentes à capital fluminense, já que o bilhete único beneficia, principalmente, os moradores da região metropolitana que, em geral, trabalham na cidade do Rio de Janeiro. Segundo a FGV, a periferia (municípios do Grande Rio com exceção da capital) ampliou a participação no total de empregos gerados no estado de 17,49%, em 2009, para 18,84%, este ano.

Enquanto isso, a capital e os municípios do interior reduziram as respectivas participações no total de empregos gerados entre 2009 e 2010. Segundo Marcelo Neri, a redução nos gastos com transporte estimula a contratação formal, já que o custo para o empregador fica menor.

O estudo da FGV também propõe melhorias no sistema de bilhetagem, como o uso do cadastro do Programa Bolsa Família, do governo federal, para identificar as pessoas mais carentes que poderiam receber subsídios maiores.

Com informações da FGV e da Agência Brasil