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Nos 30 anos de Levantado do Chão, a luta de Saramago continua

Centenas de pessoas participaram, na quinta-feira (11), na Casa do Alentejo, em Lisboa, numa sessão comemorativa do 30º aniversário do livro Levantado do Chão. A obra, lançada em 1978 pelo escritor português José Saramago, retrata a saga heroica do proletariado agrícola do Alentejo, organizado pelo seu partido de classe, o PCP, rumo à conquista da reforma agrária.

A celebração dos 30 anos do livro, antecedida pela leitura integral de um dos grandes romances da literatura portuguesa, contou com as intervenções de Jerónimo de Sousa, secretário-geral do PCP, de Pilar del Rio, companheira de José Saramago, e de Manuel Gusmão, escritor, professor universitário e membro do Comitê Central do PCP. “A luta continua!”, gritou-se, de punho erguido, no final da evocação.

Jerónimo saudou Levantado do Chão como “aquele que é um, incontestavelmente, dos grandes romances da literatura portuguesa” e lembrou Saramago como “escritor de dimensão internacional, Prêmio Nobel da Literatura, militante do Partido Comunista Português”. Segundo o dirigente do PCP, tanto o romance ali celebrado quanto toda a obra literária de Saramago “estão indissociavelmente ligados à sua condição de comunista”.

“Sem essa condição, a obra de José Saramago, independentemente do singular talento do autor, não seria exatamente o que é”, agregou Jerónimo. “As massas humanas que povoam os seus livros – e de forma flagrante no Levantado do Chão – seriam outras, seguiriam outros caminhos, acalentariam outros sonhos, transportariam outros projetos – e não seriam, como são, protagonistas ativos do incessante movimento da história.”

Já Pilar del Rio ressaltou a força do romance, que perdura na memória portuguesa. “O valor literário, o estilo, a contribuição que para as letras significa Levantado do Chão, cada leitor os medirá e conservará no seu coração. Há livros que têm esse destino – viver dentro dos leitores, fazer deles seres levantados e principais. E há literaturas que podem orgulhar-se apresentando obras assim porque alguém, um escritor chamado José Saramago, deu voz literária ao Mau-Tempo e nos colocou as perguntas fundamentais diante dos olhos.”

Da Redação, com informações do Avante!