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Em evento do PT, Dilma destaca "maturidade para fazer alianças"

A presidente eleita Dilma Rousseff afirmou nesta sexta-feira (19) que, passada a campanha eleitoral, o PT precisa ser capaz de criar um "clima político de união e compreensão" depois de uma campanha marcada, segundo ela, por tentativas de se "criar o preconceito e a intolerância".

"Temos que ser capazes de criar um clima político de união e compreensão", afirmou, após criticar os adversários na campanha eleitoral por tentarem, segundo ela, "discutir questões que tinham por objetivo criar o preconceito e a intolerância".

Dilma também conclamou militantes e dirigentes a criar um clima de unidade nacional e reafirmou o seu desejo de governar para aqueles que apoiaram o seu nome e também para os que não apoiaram. "Numa democracia, é assim que se deve comportar: se disputa na eleição e constroi-se a unidade do país no ato de governar. Eu conto com vocês para a construção dessa unidade do Brasil", declarou.

Dilma afirmou que dependerá do apoio, da maturidade e da compreensão do PT para construir o consenso político em torno do projeto nacional iniciado pelo governo Lula, juntamente com a coligação de partidos que irá governar o país a partir de 1º de janeiro. "Dependo da compreensão de vocês, do esforço e da solidariedade. Dependo da maturidade política de compreender os complexos desafios de um governo. Eu tenho certeza que assim como nós somos hoje pessoas muito mais experientes na ação de governo, somos também pessoas muito mais experientes na atividade política", disse.

Emoção

A presidente eleita fez as afirmações em discurso durante a última reunião de 2010 do Diretório Nacional do PT, em Brasília. Dilma participou como convidada de honra. Esse é o primeiro discurso público de Dilma em um evento desde que iniciou a transição de governo. A reunião dos 81 membros do diretório acontece no centro de convenções Brasil 21. "Não vou falar em programa de governo porque hoje eu vim agradecer", explicou Dilma sobre o teor de seu discurso no evento petista.

Dilma se emocionou e foi às lágrimas ao relatar o contato com a militância durante a campanha eleitoral. “Andei este País de Norte a Sul, de Leste a Oeste. Tem um fato que quando a gente é candidato que é um verdadeiro abraço de mãe, que é quando você desce do aeroporto e vê, primeiro, a bandeira, uma camiseta e uma imensa solidariedade. Isso até me comove”, disse, antes de interromper a fala e cair no choro.

“E não é que seja sempre uma multidão. Muitas vezes é uma multidão, mas muitas vezes são três, quatro companheiros e companheiras, num município menor. E podem ter certeza que (a militância) está lá, e te acompanha de forma determinada. E estarão contigo em todos os lugares. Para esse partido que apresento aqui meu reconhecimento, minha gratidão”, discursou.

Elogios

Antes da fala de Dilma, o presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra, elogiou a performance da então candidata durante a campanha eleitoral. Segundo ele, o resultado da eleição comprovou que "eram falsas" todas as afirmações feitas pelos opositores contra Dilma, "de que ela não seria aceita pelo PT, de que era uma invenção de Lula ou de que seria trucidada pelo principal adversário nos debates".

Dilma agradeceu aos militantes e dirigentes, aos coordenadores da campanha e aos governadores petistas eleitos presentes ao evento – Jaques Wagner (BA), Agnelo Queiroz (DF), Tião Viana (AP) -, pelo empenho durante a campanha eleitoral.

"Ganhamos juntos esta eleição", afirmou. A presidente eleita disse que deseja "aprofundar" o modelo de desenvolvimento econômico e social implementado no governo Lula. "Minha diferença, minha vantagem quando olho para 2002 [ano em que Luiz Inácio Lula da Silva se elegeu presidente pela primeira vez] é que nós temos uma herança bendita", declarou, em referência indireta à "herança maldita" que Lula recebeu do governo anterior ao dele, do PSDB.

Dilma disse que o que chamou de "herança bendita" representa um "desafio" porque, segundo afirmou, impõe à nova gestão avançar e buscar novas conquistas no campo social. No discurso, a presidente eleita falou em justiça social e erradicação da miséria. "[A herança bendita] coloca diante de nós a imposição da inovação, de aprofundar o que conquistamos", afirmou.

A presidenta eleita deixou claro o seu otimismo para com o Brasil. "Sem sombra de dúvidas, nas próximas décadas temos o grande desafio de transformar este país, com justiça social que implica na erradicação da miséria e onde os 186 milhões de brasileiros possam ser integrados às riquezas que iremos produzir", disse.

Mulheres

A presidente eleita fez ainda um agradecimento "especial" aos aos coordenadores de campanha Antonio Palocci, José Eduardo Dutra e José Eduardo Cardozo. Dilma também lembrou dos aliados derrotados na eleição e fez um agradecimento a eles.

“Agradeço aos candidatos, os que não se elegeram, porque eles foram decisivos na minha vitória. E quero dizer para eles que nós também temos uma herança, é a herança do Lula ter tentado três vezes. Então, nós temos também a trajetória que é preciso que a gente não desista. E aí, eu quero dizer a eles essa mensagem: nós estamos iniciando uma outra etapa, outras etapas ainda virão."

A presidente eleita encerrou o discurso com uma mensagem para as mulheres. "Eu acho que eu represento a luta de cada uma das militantes aqui presentes, as senadoras, as prefeitas, as deputadas federais. Todas nós representamos milhões de mulheres brasileiras que progressivamente colocarão suas faces, seu voto, a cara, o corpo, brigando por um Brasil melhor. Então, companheiras, agora também é o momento da nossa hora e da nossa vez. Um abraço."

Com agências