Uerj debate desafios e metas para educação e o desenvolvimento

Deficiências e metas para melhorar a educação no país foram discutidas no primeiro dia do seminário “Desenvolvimento e Educação: Qual Desenvolvimento e Educação para qual Sociedade" promovido pela Fundação Ceperj, pela Uerj e o Cebela (Centro Brasileiro de Estudos Latino-Americanos). Na abertura, estiveram presentes o presidente da Ceperj, Jorge Barreto, e o secretário de Educação do Estado, Wilson Risolia.

A primeira mesa aconteceu no dia 18 e teve como objetivo central debater as concepções de desenvolvimento e de educação e o papel do Estado no Brasil de hoje, através de um balanço crítico. As discussões contaram com os expositores Theotônio dos Santos, do Cebela e da Universidade Federal Fluminense (UFF), e Dermeval Saviani, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), e Gaudêncio Frigotto, do PPFH da Uerj, como moderador.

Distribuição de renda, as marcas eurocêntricas na educação mundial, a dominação das classes elitistas e o contexto histórico de desenvolvimento nos países pobres foram apontados por Theotônio, como os principais problemas da educação de má qualidade da atualidade. “Como pode um país como o Brasil estar atrasado? O problema é a classe dominante”, aponta Theotônio.

Dicotomia, desenvolvimento e educação foram os ganchos usados por Dermeval Saviani para sua apresentação. Para ele, a educação é o eixo central de qualquer processo desenvolvimentista. O pesquisador apresentou um projeto, no qual professores devem ser exclusivos de uma determinada instituição, usando metade do seu tempo para lecionar e a outra parte para questões técnicas e pesquisa. Ele alertou ainda para a necessidade de os professores serem bem remunerados.

“Quem vai se esforçar para ser professor se não há recompensa? Com altos salários alunos estudariam e até se pós-graduariam”, opina Saviani.

A segunda mesa abordou questões ligadas à ciência, à tecnologia e ao papel da universidade na construção do projeto radicalmente democrático de desenvolvimento no Brasil, com Laura Tavares, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e José Raymundo Romeo, da UFF. A mesa foi mediada por Antônio Carlos Ritto, da Uerj.

Para Laura, a sociedade deve passar por mudanças radicais, principalmente políticas, mais até do que econômicas. “A ocupação social é necessária no processo de educação. Para isso, é preciso intermediar e estreitar a relação entre os setores mais desfavorecidos com o poder público”, apontou.