Cid Gomes concede entrevista à Paulo Henrique Amorim
O governador reeleito, Cid Gomes (PSB), concedeu, ontem à noite, uma entrevista à Rede Record de Televisão durante a qual falou sobre vários temas envolvendo a conjuntura político-partidária brasileira. Leia os principais trechos da entrevista dada ao jornalista Paulo Henrique Amorim.
Publicado 24/11/2010 13:51 | Editado 04/03/2020 16:32

Desempenho PSB
PSB é o partido que tem o segundo maior número de governadores, perdendo apenas para o PSDB, que fez oito governadores. O partido também cresceu na Câmara Federal, com 35 deputados federais. Isso mostra um grande crescimento da legenda e nos estimula a trabalhar para fazer do PSB um partido nacional.
Governo Dilma
Nós não queremos nos igualar a este estilo de partido que faz das horas de véspera de governo uma verdadeira caça a cargos. Para o PSB, cargo é uma oportunidade de contribuir com o governo. Participação é consequência natural. Farei tudo o que estiver ao meu alcance para ajudar Dilma a fazer um grande governo, que o presidente Lula já fez.
Aécio no Senado
A Dilma não tem a força popular que tem o presidente Lula. Então, ela vai depender muito mais das injunções políticas no seu governo. Nada melhor, então, do que ampliar o diálogo, e o PSDB, embora tenha uma parcela com muito rancor e que, certamente, jamais vai se dispor ao diálogo, penso que está em ascensão uma liderança no PSDB, que é o Aécio Neves, cujo perfil é diferenciado. É um brasileiro, patriota, que tem preocupação com o Brasil e tem manifestado, ao longo de sua história, muita disposição para o diálogo.
CPMF
A saúde pública no Brasil tem muitos desafios pela frente. Falta atendimento que preste um mínimo de respeito à população. A saúde tem que ser analisada sob duas perspectivas: a primeira é de gestão. A gente tem que melhorar a gestão, isso é claro. Mas também tem que haver mais recursos destinados à saúde pública. A classe média tem razão em se queixar que paga imposto e ainda tem que pagar dobrado o plano de saúde. O que se deve buscar para o Brasil é uma rede de saúde que possa acolher a classe média também. E, nesse caso, a classe média não vai pagar o plano de saúde, já que ela vai recorrer à saúde pública e, com isso, até cobrar mais qualidade do serviço. A população humilde, muitas vezes, se conforma com o mau serviço prestado. Já a classe média é mais exigente, e acho que a participação dela no sistema público ajudará a melhorá-lo. CSS, para mim, é uma necessidade. Nós queremos uma fonte permanente de financiamento da saúde pública.
Norte versus Sul
Eu lamento que haja alguém interessado em estimular esse tipo de divisão em nosso País. Se há um grande mérito no Brasil, é a convivência dos diferentes de forma pacífica, fraterna. Aqui, judeu confraterniza com árabe, negro com branco, pobre se relaciona com rico. A grande divisão do Brasil é entre pobres e ricos, e um governo solidário tem que agir sem antagonismo e cumprindo um papel melhor da distribuição da renda brasileira. O Brasil tem uma região mais rica – o Sul, o Sudeste – e tem uma região historicamente mais pobre – que é o Nordeste e o Norte – com suas limitações naturais. É fundamental que a oposição e a situação compreendam a necessidade de tratar essas questões com alguma solidariedade, e não fazer disso um incitamento à divisão.
Eleição na CMF
O rompimento do governador Cid Gomes com a prefeita Luizianne Lins provocado pela sucessão na Câmara de Fortaleza é um assunto fora de cogitação. Cid Gomes descartou definitivamente envolver-se na disputa pela presidência da Câmara de Fortaleza. E assim, não há como colidir com os interesses políticos de Luizianne Lins. O anúncio dessa decisão aconteceu durante entrevista concedida à TV Cidade. Cid declarou que “não haverá influência, interferência no processo (da eleição do novo presidente que acontece no dia 15 de dezembro)”.
O governador Cid Gomes também se manifestou para que não pairem mais dúvidas sobre sua determinação em não ter qualquer participação na disputa entre o atual presidente Salmito Filho e o candidato da prefeita, vereador Acrísio Sena. “As eleições na Câmara não terão interferência porque é outra esfera de poder”. Pondo fim as especulações, Cid disse que caberá “ao PSB municipal (de Fortaleza) através de sua executiva definir o que melhor para o partido na eleição, o que for mais interessante ao partido”. Nos bastidores, o vice-governador Francisco Pinheiro trabalha para apaziguar os ânimos entre os petistas e Cid, de modo a evitar um eventual racha na base governista.
Fonte: Jornal O Estado