Restos mortais da Guerrilha do Araguaia serão analisados
Juíza autoriza liberação de material que está sob guarda de professor da UnB. Secretaria de Direitos Humanos coordenará identificação. Os quatro conjuntos de restos mortais de desaparecidos políticos da Guerrilha do Araguaia que estão sob os cuidados da UnB serão analisados por laboratório especializado contratado pela Secretaria de Direitos Humanos do governo federal.
Publicado 25/11/2010 16:53 | Editado 04/03/2020 17:10
As ossadas estão sob a responsabilidade do professor do Departamento de Patologia, Malthus Fonseca Galvão, no Hospital Universitário de Brasília (HUB). A determinação é de Solange Salgado, juíza da 1ª Vara do Distrito Federal, com a intenção de identificar os ossos por meio de técnica conhecida como SNP.
Solange Salgado também autorizou escavações no Cemitério de Xambioá (TO) realizadas no final de agosto pelo grupo que conduz as buscas desde 2009 – ver foto na página inicial do Portal.
O professor, que recebeu a determinação da juíza em 4 de novembro, explica que essa tecnologia tem maior probabilidade de sucesso em materiais que sofreram muita deterioração. “Seja em função do contato com a umidade ou com a terra há degradação do DNA”, explica Malthus.
Secretário-executivo da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos da Secretaria de Direitos Humanos, Pedro Pontual participou de reunião com o reitor José Geraldo de Sousa Júnior, o vice-reitor João Batista, o diretor do HUB Gustavo Romero e o professor Malthus para acertar detalhes da retirada do material. “Estamos escrevendo um capítulo que estava em branco na história do Brasil”, disse o reitor.
SEGURANÇA
Os restos mortais estão em urnas individuais, colocadas sob prateleiras. Duas portas garantem a segurança das ossadas. Uma com três fechaduras do tipo tetra e outra com dois grossos cadeados. As fechaduras foram trocadas sob determinação da juíza. Elas possuem segredo independente e as chaves correspondentes devem ser entregues ao professor, ao representante da SDH e ao representante do HUB.
“A abertura da sala com restos mortais de possíveis participantes da Guerrilha somente poderá ocorrer com a determinação do depositário fiel (…) e na presença concomitante dos representantes antes mencionados”, afirma Solange em sua decisão. A juíza pede ampliação da sala, pois o espaço pode não ser suficiente para abrigar outras urnas.
O professor, que também é diretor do IML-DF, é responsável por elaborar um plano de trabalho que deverá contemplar o HUB e a SDH nas ações de retirada do material que será examinado. “A ideia é que cada um possa participar desse trabalho. Essa é uma possibilidade para trabalharmos respeitosamente a escritura da trajetória do país”, disse Galvão.
Da Agência UnB