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Coreia do Sul cancela exercícios militares, mas se mantém hostil

 A Coreia do Sul cancelou exercícios militares na Ilha de Yeonpyeong, a mesma que foi atacada pelo exército norte-coreano, sob alegação de resposta a ataques que teriam sido iniciados pela Coreia do Sul. A atividade do exército sul-coreano em Yeonpyeong estava prevista para ocorrer nesta terça-feira (30) de manhã. Os moradores haviam recebido a recomendação de se protegerem em abrigos subterrâneos.

Segundo diplomatas sul-coreanos, a decisão não tem a ver com a Coreia do Norte, o que refuta a teoria de que eles estejam renunciando ao confronto com a vizinha. Pelo contrário. O presidente da Coreia do Sul, Lee Myung-bak, fez, nesta segunda-feira (29), o seu primeiro pronunciamento à nação desde os ataques norte-coreanos. Ele se responsabilizou ao dizer que não foi capaz de proteger seus cidadãos. Diante de pressões internacionais e internas, Lee também prometeu duras consequências para o caso de qualquer agressão futura.

"Se o Norte cometer alguma provocação contra o Sul, nós faremos questão de fazer com que pague um preço alto por isso", afirmou Lee Myung-bak, em postura coerente com a adotada nos últimos dias, em que a Coreia do Sul vem recebendo incentivo e suporte dos Estados Unidos para responder de forma "adequada" a possíveis ataques norte-coreanos.

Detalhes sobre quais serão as "consequências" ou qual será o "preço alto" não foram fornecidos pelo presidente sul-coreano. Não houve também explicações sobre qual será a resposta da Coreia do Sul sobre o recente bombardeio.

EUA cobram postura agressiva

Um dia após a troca de tiros entre as duas Coreias, que ocorreu na última terça-feira (23), os Estados Unidos e a Coreia do Sul definiram, já na quarta-feira (24), a realização, no domingo (28), de manobras militares, em nova provocação à Coreia do Norte. Na mesma quarta-feira (24), o ministro de Relações Externas da China pediu calma e precaução aos coreanos e solicitou aos governos dos dois países que iniciassem conversações para evitar incidentes similares.

Na quinta-feira (25), a Coreia do Sul anunciou que adotaria as “medidas necessárias” para “reforçar a segurança nacional” e reagir com mais firmeza no conflito com a Coreia do Norte. Nessa linha – que descarta o diálogo direto -, os Estados Unidos mandaram um de seus mais poderosos porta-aviões para manobras conjuntas com os sul-coreanos, levando a China novamente a externar preocupação.

As autoridades sul-coreanas estão sendo pressionadas a respeito de uma resposta "adequada" em relação à troca de tiros com a República Popular Democrática da Coreia, localizada ao norte da península. Ainda na semana passada, como forma de aliviar a pressão, o governo da Coreia do Sul trocou seu ministro da Defesa, reforçou suas tropas em Yeonpyeong e outras quatro ilhas do mar Amarelo, além de instituir mudanças em regras militares.

China insiste no diálogo

Apesar da postura agressiva da Coreia do Sul, incentivada e subsidiada pelos Estados Unidos, a China insiste em uma consultas de urgência para reduzir a tensão na península coreana, e espera uma "reação positiva" à proposta, afirmou nesta terça-feira (30) o ministério chinês das Relações Exteriores, apesar da oferta ter sido rejeitada por Estados Unidos e Coreia do Sul.

"Acreditamos que as partes envolvidas vão levar a sério esta proposta e reagir positivamente", declarou o porta-voz do ministério, Hong Lei, que qualificou a reunião de "imperativa".

No domingo, a China propôs aos interlocutores uma reunião de emergência do grupo dos Seis na China, no início de dezembro, para tentar acalmar a situação, muito tensa desde o bombardeio de uma ilha sul-coreana pela Coreia do Norte.

O governo dos Estados Unidos rejeitou a proposta e afirmou que o encontro seria uma "operação de relações públicas" para a Coreia do Norte. A Coreia do Sul também recusou a oferta, enquanto o Japão se mostrou reticente. O grupo dos Seis inclui Estados Unidos, Rússia, China, Japão e as duas Coreias.

Da redação, Luana Bonone, com informações do Diário do Nordeste e AFP