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PCdoB se reúne com esquerda colombiana e integra reunião do FSP

O Pólo Democrático Alternativo (PDA), coalizão que reúne as forças da esquerda colombiana, incluindo o PC Colombiano, completou na última quinta-feira, 25, seu 5º aniversário. O PCdoB esteve presente no ato central, representado por Ronaldo Carmona, da Comissão de Relações Internacionais. O PCdoB também participou da reunião do Grupo de Trabalho do Foro de São Paulo, dia 27, e realizou visita ao secretário-geral do PC Colombiano, na sede do Comitê Central, em Bogotá, dia 28.

Grupo de Trabalho do FSP em Bogotá

Adotada em sua anterior reunião em El Salvador, a decisão dos partidos de esquerda latino-americanos de se reunir em Bogotá teve o sentido de expressar solidariedade ao difícil momento em que vivem as forças populares e de esquerda da Colômbia.

Afinal o país vizinho, para além da propaganda internacional do governo colombiano, num exemplo tão forte como macabro, teve nada menos que doze militantes do Pólo Democrático Alternativo assassinados apenas neste ano de 2010. Essa cifra, obviamente não contabiliza os insurgentes mortos nas “operações cirúrgicas” das forças de repressão, com ativo apoio logístico das instalações norte-americanas estacionadas no país.

O julgamento político, por delito de opinião, é outra grave violação aos direitos humanos mais elementares que se vê atualmente na Colômbia. É o caso da recente cassação da senadora Piedad Córdoba – que se notabilizou por uma missão de paz, a intermediação na liberação de sequestrados pela guerrilha –, que perdeu seus direitos políticos por 18 anos e agora enfrenta um processo penal por acusações de vínculos com a guerrilha colombiana.

Diante desta situação, o Grupo de Trabalho do Foro de São Paulo realizou sua reunião trimestral em Bogotá, tendo em vista expressar solidariedade ao povo colombiano. Na reunião de Bogotá, realizada no sábado, dia 27, dentre outras resoluções, aprovou-se uma nota “de solidariedade ao povo colombiano, na sua luta pela paz, pela democracia e por justiça social”, na qual expressa o apoio da esquerda latino-americana à luta da esquerda colombiana “para deter a violência que por muitos anos golpeia a todo o povo colombiano” e “faz um chamado, extensivo ao governo, à insurgência, às forças políticas do país, aos setores religiosos e a todos que mostrarem interesse que se iniciem negociações que conduzam à superação do conflito e à construção da paz e da conciliação e a reconciliação entre colombianos e colombianas”.

Agravamento da situação internacional

A reunião do Grupo de Trabalho também realizou extenso e produtivo debate sobre a situação internacional e regional, além de aprovar a programação e o processo de elaboração do documento base do 17º Encontro do Foro de São Paulo, que ocorrerá de 18 a 21 de maio de 2011, em Manágua, Nicarágua.

O debate sobre conjuntura se realizou a partir de um roteiro apresentado pela Secretaria Executiva do Foro, dirigida pelo PT brasileiro através de Valter Pomar, membro de seu Diretório Nacional.

Pelo PCdoB, Ronaldo Carmona defendeu que o agravamento da crise internacional do capitalismo é a principal marca da situação internacional atual. A crise, disse Carmona, “vai muito além do aspecto econômico, tendo fortes consequências geopolíticas, no sentido em que acelera a tendência de transição na ordem internacional”.

Na Europa, acentua tendências conservadoras, levando diversos países a adotarem o receituário neoliberal clássico, típico dos anos 90. Como fato positivo desta situação está a reemergência da luta dos trabalhadores por todo o continente. Nos Estados Unidos, além da derrota de Obama nas recentes eleições e da emergência de movimentos de ultradireita, como o Tea Party, a marca é a tentativa de saída da crise através de um movimento que poderá ter graves consequências, com a desvalorização unilateral do dólar, numa tentativa desesperada de inundar os países em desenvolvimento com exportações.

Para o representante do PCdoB, há riscos da crise internacional e dos movimentos de guerra cambial resultarem em aumento das tensões no plano internacional, transcendendo o aspecto econômico. Carmona lembrou que em momento de grave crise econômica, se acentua as tendências de guerra por parte do imperialismo e lembrou, neste sentido, o aparecimento do novo conceito estratégico da Otan, na reunião de Lisboa.

Carmona defendeu a necessidade de acelerar a integração sul-americana frete à crise, como estratégia de defesa das economias nacionais, do emprego e da produção na nossa região, contra riscos de desindustrialização provocados pela agressiva estratégia exportadora dos países ricos.

O representante do PCdoB também se referiu à importância histórica da terceira vitória das forças políticas e sociais à frente do governo brasileiro desde 2002, com a eleição da presidente Dilma, numa campanha difícil e marcada pela agenda reacionária da oposição. Carmona acentuou que para o PCdoB, o governo de Dilma será não apenas a continuidade do governo de Lula, mas o aprofundamento das mudanças.

Cinco anos do PDA

O PCdoB também participou do quinto aniversário do Pólo Democrático Alternativo, a mais importante experiência unitária da esquerda colombiana, segundo expressam seus dirigentes.

Após tentativas realizadas desde os anos 1970 – entre elas a União Patriótica, no final dos anos 1980, literalmente exterminada a bala, como diz um material sobre a história do PDA –, em 25 de novembro de 2005, surge o PDA, como resultado da confluência de duas frentes políticas: o Pólo Democrático Independente (PDI) e a Alternativa Democrática (AD), ambas surgidas em 2003.

O batismo do PDA são as difíceis eleições presidenciais de 2006, quando Cesar Gaviria, seu candidato presidencial, enfrentando Álvaro Uribe, obtém 2,6 milhões de votos, a maior votação histórica da esquerda colombiana. Em 2006, o PDA disputou novamente as eleições presidenciais, desta vez contra Juan Manuel Santos, através do senador Gustavo Petro, obtendo 1,4 milhões de votos.

O PDA dirige a prefeitura de Bogotá, um enorme conglomerado urbano de cerca de 8 milhões de habitantes, a dois mandatos. Primeiro com Lucho Garzon e atualmente com o prefeito Samuel Moreno. O cargo de prefeito de Bogotá é tido como o segundo mais importante do país, apenas atrás do presidente da República.

O Pólo comemorou seu quinto aniversário, em um massivo ato, com centenas de participantes, na chuvosa noite da última quinta-feira, num teatro do centro de Bogotá.

Os rumos da oposição a Santos

O PDA vive intenso debate interno – e público, frequentando diariamente as páginas da imprensa colombiana – sobre os rumos da oposição ao governo de Santos. As comemorações do quinto aniversário refletiram este debate.

Carlos Gaviria, um dos principais oradores do ato, expressando a posição da maioria da direção do Pólo, defendeu que na essência, no plano interno, não há diferença entre os governos de Santos e Uribe. No plano externo, no entanto, reconheceu que o governo de Santos se move com mais habilidade, não se chocando diretamente com a Unasul nem com seus vizinhos como era a prática de Uribe. O caloroso abraço entre o presidente Hugo Chávez e Santos, na Cúpula da Unasul e Geogetown, na Guiana, para muitos, é um sintoma disso.

Outra posição, minoritária no Pólo, mas com grande espaço na grande imprensa colombiana, é expressada pelo senador Petro, ex-candidato presidencial, que defende uma postura de diálogo com Santos. Ele e seus seguidores defendem que há diferenças entre Santos e Uribe e exemplificam a aprovação da lei de restituição de terras aos camponeses expulsos do campo pela guerra interna. O alvo principal do grupo de Petro é o prefeito de Bogotá, igualmente do PDA. Muitos também ressaltam a postura anticomunista do senador Petro, a despeito de pertencer a uma Frente de esquerda.

Para o secretário-geral do Partido Comunista Colombiano, Jaime Caycedo, que também é vereador na cidade de Bogotá, Santos busca a intensificação da guerra interna, buscando uma política de extermínio cirúrgico da insurgência. Em reunião do Comitê Executivo do Pólo como o Grupo de Trabalho do Foro de São Paulo, Caycedo lembra que, a despeito da tentativa de suavizar a imagem no exterior, seguem existindo 7.500 presos políticos na Colômbia. Para o dirigente comunista, ao contrário do que defende os setores minoritários do Pólo, o problema da paz e de uma solução política negociada para o conflito colombiano segue sendo o problema central do país.

Visita ao Comitê Central

No domingo, dia 28, pouco antes de regressar a São Paulo, o representante do PCdoB fez uma visita de trabalho ao Comitê Central do Partido Comunista Colombiano, onde foi recebido por seu secretário-geral, Jaime Caycedo.

Na reunião, foi repassada a agenda de trabalho bilateral entre as duas organizações amigas, aprofundado o debate sobre a situação internacional e a conjuntura dos dois países, além de um rico intercâmbio de informações sobre a situação atual do Partido Comunista Colombiano e do PCdoB e dos desafios do próximo período.

Da redação, com informações da Secretaria de Relações Internacionais