Secretário destaca avanços na Educação em Sobral

O município foi o destaque nordestino no IDEB 2009

IDEB Sobral

O Desafio IDEB no Caminho Certo tem como objetivo reconhecer os municípios participantes do projeto Parceria Votorantim pela Educação que apresentaram avanços significativos entre o IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) de 2007 e 2009.

A fórmula para garantir uma educação de qualidade em Sobral parece simples, mas envolve uma série de ações integradas. Para conquistar uma das melhores notas da região nordeste no IDEB 2009, o município investiu fortemente em diagnósticos e monitoramento de indicadores.

Segundo o secretário de educação, Júlio César da Costa Alexandre, o desafio é constante. “Estabelecemos metas, criamos indicadores e monitoramos os avanços das escolas. Contudo, damos liberdade para os gestores construírem a forma mais eficaz de garantir a aprendizagem em sua comunidade escolar”, explica. Os resultados já são visíveis. Confira a entrevista:

Qual é a importância para a educação e toda a rede de ensino em contar com um processo contínuo de avaliação e de estabelecimento de metas, como o IDEB?

O IDEB é uma ferramenta fundamental para a nossa gestão. Ele nos dá o norte, sinaliza o nível, o estágio onde cada escola – e o município como um todo – se encontra. Trata-se de uma avaliação padronizada, um grande trabalho do Ministério da Educação, que apresenta um retrato sobre o fluxo e rendimento escolar de nossos alunos. Aqui em Sobral ele foi fundamental para criarmos hipóteses e avaliarmos fragilidades de nossos alunos. Foi com base na soma destes indicadores com outros diagnósticos locais, que consolidamos um processo de transformação da nossa educação.

A rede de ensino municipal – professores e gestores – está engajada em processos de avaliação como Provinha Brasil e Saeb? Prepara os alunos, estimula-os a estudar e a participar de outras iniciativas como as Olimpíadas de Matemática, Língua Portuguesa etc?

Toda a nossa rede atua para termos uma avaliação precisa da qualidade da educação do município. Começamos o trabalho de diagnóstico em 2000 com uma consultoria especializada. Na época, descobrimos que cerca de 48% dos alunos do 3º ano do ensino fundamental eram analfabetos. Sabíamos do impacto que isso teria nos anos seguintes e começamos, então, a traçar estratégias para mudar esta realidade. Além deste estudo de 2000 e do próprio IDEB, realizamos processos locais de avaliação e temos um trabalho constante de preparação dos alunos para o Provinha Brasil e o Saeb. A comparação de todos estes resultados norteia a nossa gestão.

O resultado alcançado pelo município no IDEB de 2005 serviu como motivador para a criação ou aprimoramento das propostas e projetos locais visando à melhoria da qualidade da educação da cidade?

Sim. O IDEB de 2005 nos permitiu várias reflexões. Quando vimos nossa nota 4, na época, pensamos em mecanismos para reforçar a aprendizagem dos alunos. Os outros diagnósticos já desenvolvidos também indicavam algumas hipóteses. Reforçamos os processos de alfabetização e começamos a ver os resultados. Em quatro anos, saltamos da nota 4 para 6.6, resultado da nossa atuação frente aos problemas detectados.

A que fatores você atribui o avanço do IDEB que a rede de seu município obteve entre 2007 e 2009?

É um trabalho de base, realizado sistematicamente, ano a ano. Nosso plano está centrado em alguns eixos que fortalecem a gestão escolar. Uma das estratégias é a escolha de diretores e coordenadores escolares pautados em critérios meritocráticos. Acabamos com os cargos de indicação para estas funções. Outro ponto que destaco é a formação continuada. Acreditamos que as escolas só evoluem quando seus profissionais estão bem capacitados. Temos, também, como princípio a autonomia escolar. Damos liberdade financeira, administrativa e pedagógica para os gestores. Desta forma, eles podem customizar a gestão de acordo com sua clientela. O palco da gestão vira a própria unidade escolar. Buscamos, então, gerar responsabilidade e comprometimento. Valorizamos a prática do magistério como estratégia de qualificação da educação. Temos uma ampla política de bonificação com base em metas e indicadores. Além disso, acho que a qualificação do material pedagógico – temos material específico desenvolvido para cada série – e o estímulo da participação da família na escola ajudaram a atingir bons resultados no IDEB.

As escolas têm se apropriado desta ferramenta para aprimoramento de processos? De que forma? Qual é o incentivo e apoio oferecido para a secretaria para isso?

Buscamos o tempo todo o fortalecimento da ação pedagógica. A formação dos educadores é constante. Oferecemos treinamento para toda a rede, mensalmente. Nesses encontros, os professores debatem as metodologias de ensino com base no material didático usado em sala de aula. Nos cursos, eles aprendem a manusear os materiais, investigar os conteúdos e construir uma rotina para a sala de aula. Tudo isso supervisionado pela Secretaria de Educação. Como estímulo aos resultados, temos bonificações em salário para todos os professores que atingem as metas propostas. Além disso, o prêmio “Escola de Sucesso” reconhece anualmente as unidades com melhores resultados. É uma grande celebração no município. Por fim, temos uma política de ampliação do repertório cultural dos educadores. Oferecemos a eles oficinas, cursos e congressos para manter estes profissionais antenados com o mundo.

Há processos de comunicação e informação aos pais a respeito dos resultados alcançados no IDEB?

Este ainda é um grande desafio. Estamos tentando estimular uma maior participação dos pais na escola, mas o trabalho ainda está no começo. Nos primeiros anos buscamos “arrumar a casa”, agora estamos convidando-os a participar. Contudo, podemos destacar uma iniciativa chamada Jornada Ampliada que oferece atividades de cultura, lazer e esporte no contraturno escolar. Aos poucos, estas ações têm trazido a família pra dentro da escola.

Quais os desafios ainda a superar para ampliar estas conquistas?

Atualmente nosso maior desafio é a educação infantil. Estamos buscando universalizar o acesso às crianças de 4 e 5 anos. Sabemos que este nível é a base de tudo e vai impactar lá na frente. Queremos criar sete centros de educação infantil até o final de 2012.

Neste processo, qual deve ser o papel assumido por cada agente – gestor público, diretor, professor, família e aluno – para que os índices avancem e as mudanças de fato aconteçam na educação?

Entendemos que o papel do gestor é colocar a educação no foco de investimentos. Trata-se de uma decisão política. Em segundo lugar, é preciso entender que a escola é um espaço de aprendizagem. Precisamos fortalecer a atuação em parceria com outras esferas governamentais. Temos uma excelente relação com o governo federal e estadual. Isso é um compromisso da nossa gestão. Já à escola, cabe abrir suas portas para receber a comunidade. E aos pais, o papel fundamental é o de atuante na educação de seus filhos. Se todos participarem, a educação só tende a melhorar.

Escola de Sobral mostra como vencer desafios

Em dois anos, a escola municipal de ensino fundamental Primeiro de Maio saltou de 5.7 para 7.6 no IDEB, resultado que coloca a unidade entre os melhores do Brasil. A estratégia, segundo o diretor Domingos Sávio Ferreira Sousa, foi focar a gestão escolar em indicadores de qualidade. “Consideramos todo o conjunto de políticas educacionais do município focado no processo de ensino-aprendizagem”, explica.

Não às faltas 

Na prática, o trabalho se dá em um acompanhamento minucioso de vários indicadores que garante a qualidade da aprendizagem. “Primeiramente observamos a frequência escolar. O ‘Projeto Fone’ monitora os motivos que levam à falta. E, se não conseguirmos uma resposta por telefone, um agente da própria escola visita o aluno”, explica o diretor. Além do monitoramento, a escola investe no incentivo à assiduidade. Os alunos que menos faltam às aulas ganham o direito de participar do ‘Sábado Animado’, que nada mais é do que uma tarde de lazer em um clube parceiro da escola.

De olho no dever de casa 

Outro indicador de qualidade, o dever de casa, é acompanhado pelo professor por meio de uma planilha. Os alunos mais dedicados podem participar de um bingo no fim do mês que dá a chance de ganhar vários prêmios. Os alunos que não fazem o chamado “para casa” – como é chamado o dever na região de Sobral –, recebem acompanhamento especial dos professores.

Incentivo à leitura 

“Monitoramos quantos livros cada aluno lê no mês”, conta Sávio. “Além disso, incentivamos a leitura por meio do projeto Pátio da Leitura, um grande espaço de leitura montado na própria escola para estimular o prazer em ler.”

Família na escola 

A participação dos pais é estimulada constantemente pelos educadores. O diretor da escola Primeiro de Maio explica que o boletim é entregue todo mês às famílias em reuniões em sala de aula. “Desta forma, estimulamos o acompanhamento da aprendizagem e criamos um vínculo com a família dos alunos”, finaliza o diretor.

– Júlio César da Costa Alexandre é pedagogo e mestre em Educação. Foi professor universitário da Faculdade Vale do Acaraú está à frente da Secretaria deste o ano de 2007.

– Domingos Sávio Ferreira Sousa é pedagogo, especialista em Metodologia do Ensino Fundamental e Médio. Está na direção da escola Primeiro de Maio há cerca de 1 ano.

Para acessar os dados completos do IDEB de 2009, clique aqui.

Fonte: Blog Educação