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Desemprego em alta indica que crise nos EUA está longe do fim

A taxa de desemprego nos Estados Unidos avançou para 9,8% em novembro, depois de permanecer em 9,6% nos três meses anteriores. A informação foi divulgada nesta sexta-feira (3) pelo Departamento de Trabalho do país, que também anunciou a criação de 39 mil postos de trabalho no mês, resultado situado bem abaixo das expectativas. Sinaliza a continuidade da crise econômica e reforça a ameaça de um segundo mergulho na recessão.

Ao mesmo tempo em que o nível de emprego aumentou na área de saúde, por exemplo, foram registrados demissões líquidas (ou seja, em número superior ao das contratações) no segmento de comércio varejista.

O mercado estimava uma taxa de desemprego em 9,6% e a geração de 150 mil novos postos de trabalho. Na realidade, postos temporários e no setor de saúde continuaram em expansão, enquanto, no comércio, recuaram e na indústria permaneceram estáveis. O número de desempregados no país somou 15,1 milhões em novembro, de acordo com as estatísticas do governo, que podem estar subestimadas. Alguns economistas calculam em 30 milhões o exército de desempregados e subempregados.

Uma miragem

Por enquanto, a recuperação é uma miragem, mais ou menos convincente segundo os diferentes setores e ramos da economia. As atividades ligados ao setor de serviços cresceram, alias pelo 11º mês consecutivo. Em contrapartida, comércio varejista e indústria andam bem mal das pernas.

Os pedidos à indústria dos Estados Unidos recuaram 0,9% em outubro, revertendo três elevações mensais consecutivas. Excluindo o ramo de transportes, as novas encomendas declinaram 0,2%. Entre setembro e outubro, os embarques aumentaram 0,3% e os estoques registraram acréscimo de 0,9%.

Indústria

O levantamento do Departamento do Comércio americano mostrou ainda que as novas encomendas de bens duráveis cederam 3,4% no antepenúltimo mês de 2010, em vez de recuo de 3,3% como informado originalmente. De qualquer forma, o resultado significa uma mudança de direção em relação a setembro, quando houve expansão de 4,9%.

Os dados revelam a dificuldade que os Estados Unidos vivem para superar a crise que teve início no final de 2007, assim como a impotência do Estado capitalista para reverter os rumos da economia. governo e banco central (Federal Reserve) empregaram trilhões de dólares para resgatar o sistema financeiro da falência, mas não lograram reanimar a economia e o mercado de trabalho.

Além disto, é preciso observar que, enquanto o mercado de trabalho patina, os lucros das empresas norte-americanas vão de vento em popa no país, tendo alcançado níveis recordes no terceiro trimestre do ano, quando foram registrados lucros superiores a 1,6 trilhão de dólares, o que corresponde a mais de 10% do PIB, estimado em 15 trilhões de dólares. Trata-se do valor mais alto em pelo menos 60 anos ou desde quando este tipo de informação é registrado por lá.

Quando lucros e desemprego estão em alta simultaneamente é sinal de aumento da produtividade e do grau de exploração da classe trabalhadora, com a intensificação do ritmo de trabalho, aumento de jornada, redução de salários e benefícios, entre outros meios largamente usados pelas empresas em períodos de crise. Capitalismo é isto aí.

Da redação, Umberto Martins, com agências