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Divisão tucana: Alckmin quer dar fim à era Serra no governo de SP

O governador eleito de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), engrena um profundo rearranjo na administração estadual para impor, tacitamente, um rompimento com a estrutura serrista no Palácio dos Bandeirantes. Das 26 secretarias paulistas, o tucano decidiu mudar o comando de sete e extinguir uma. Ele estuda, ainda, emplacar nomes de sua lavra em pelo menos 13 pastas, liquidar a existência de mais duas e criar outras três.

Até agora, a equipe de transição de Alckmin resolveu extinguir a Secretaria de Ensino Superior e pretende decretar o fim da pasta de Relações Institucionais, considerada “inócua” pelos alckmistas. Ambas foram criadas pelo ex-governador José Serra (PSDB). Para substituí-la, a transição avalia recriar a Secretaria de Governo e Gestão Estratégica, para articulação interna. Um dos nomes cotados para a tarefa é o atual secretário de Cultura, Andrea Matarazzo.

Outra secretaria que pode ser extinta é a de Comunicação, cujas atribuições, em forma de coordenadoria, poderiam ser repassadas à nova pasta de Governo ou à Casa Civil, comandada por Sidney Beraldo, chefe da transição tucana. Será criada, em contrapartida, a Secretaria de Turismo, desmembrada da atual pasta de Esporte e Lazer, com vistas à Copa do Mundo de 2014.

Alckmin também deve instituir a Secretaria de Gestão e Desenvolvimento Metropolitano, para coordenar o guarda-chuva de infraestrutura estadual. O principal cotado para assumir a pasta, vitrine da próxima gestão tucana, é o deputado eleito Emanuel Fernandes (PSDB), ex-prefeito de São José dos Campos, engenheiro pelo ITA e nome de confiança de Alckmin.

Essa reconfiguração do Palácio dos Bandeirantes, contudo, depende do intrincado tabuleiro de xadrez que está à frente de Alckmin. Uma das peças que mais lutam por espaço é o grupo serrista, que contra-ataca às movimentações. A ala fiel a José Serra pressiona, por exemplo, para emplacar o atual governador Alberto Goldman (PSDB) e mais dois secretários – Mauro Ricardo (Fazenda) e Luiz Antônio Guimarães Marrey (Casa Civil) – no tabuleiro.

A manutenção de espaço serrista passa ainda pela Secretaria de Segurança Pública, tocada atualmente por Antonio Ferreira Pinto. O principal nome alckmista que poderia sucedê-lo, Saulo de Castro Abreu Filho, foi indicado para Transportes. São sinalizações, sentidas pela equipe alckmista, que ainda não tiveram solução final. Enquanto isso, é notório que Serra não está ausente do processo e acompanha a transição.

Nesta semana o tabuleiro deve se movimentar novamente. Membros da equipe de Alckmin trabalham para resolver áreas sensíveis e de grande visibilidade da próxima gestão, como Habitação, Fazenda, Educação, Justiça e Segurança Pública.

À parte da disputa interna por espaço, sete partidos, essenciais para a governabilidade do tucano na Assembleia Legislativa, aguardam sua vez de abocanhar cargos. Até o momento, o único aceno de Alckmin aos partidos aliados foi a indicação de seu vice, Guilherme Afif Domingos (DEM), para a pasta de Desenvolvimento – que inicia 2011 turbinada pelas atribuições da extinta Secretaria de Ensino Superior.

Somente outros dois nomes das siglas aliadas aparecem efetivamente cotados: Davi Zaia (PPS) para Emprego e Fábio Feldmann (PV) para Meio Ambiente. Enquanto isso, os deputados tucanos fiéis a Alckmin permanecem à espera da movimentação das secretarias. Membros das reuniões de transição, eles também pleiteiam espaço prioritário no governo.

A prioridade de Alckmin para esta semana é o anuncio dos nomes para três áreas estratégicas da administração. Na Fazenda, comandada hoje por Mauro Ricardo, o tucano gostaria de ter o economista Yoshiaki Nakano. Consultado sobre a disponibilidade de ir para o governo, Nakano teria declinado. O movimento aumentou consideravelmente as chances de Ricardo permanecer no cargo, ainda que Alckmin avalie pelo menos três nomes técnicos indicados por Nakano para o posto.

Para Educação, o tucano não tinha um herdeiro natural. O atual titular, Paulo Renato, ministro do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e secretário de José Serra (PSDB), conta com o apoio de considerável ala do tucanato para permanecer no posto. Contra ele, porém, pesa o péssimo relacionamento com os professores. Uma das prioridades de Alckmin é melhorar a relação entre o PSDB e o funcionalismo.

Outro nome cogitado é o de Paulo Barbosa, que foi adjunto do deputado federal eleito Gabriel Chalita (PSB), ex-secretário da área na gestão anterior de Alckmin. Chalita, no entanto, aproximou-se de petistas do estado, em consequência do alinhamento com a presidente eleita, Dilma Rousseff (PT). O entrosamento do padrinho político com adversários do PSDB em São Paulo foi suficiente para que o nome de Barbosa fosse atacado na equipe de transição.

Na Segurança, Antonio Ferreira Pinto, atual titular, deve permanecer no cargo. A baixa dos índices de criminalidade teria contribuído para o secretário superar os atritos criados com o novo governo. Rumores de que teria propagado uma campanha via imprensa pela permanência na secretaria teriam irritado Alckmin. As divergências estão hoje superadas.

Outro nome da atual administração com chances de permanecer no próximo governo é Luiz Antonio Marrey. Atual secretário da Casa Civil ele tem chances de retornar à Secretaria de Justiça. Segundo pessoas próximas a Alckmin, Serra teria pedido a manutenção dele no governo.

Da Redação, com agências