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De olho em 2014, Aécio tenta dominar PSDB e oposição a Dilma

O ex-governador de Minas e senador eleito Aécio Neves (PSDB) estará em Brasília, nesta terça e quarta-feira, para dar início a uma série de conversas e negociações para o seu projeto de se tornar candidato à Presidência da República em 2014. O primeiro passo é comandar o PSDB e aumentar o leque de apoios ao partido.

Aécio terá três compromissos na capital federal: reunir-se com as bancadas da Câmara e do Senado; ouvir o discurso de despedida do senador Tasso Jereissaiti (PSDB-CE), que não se reelegeu; e jantar com o presidente nacional do PSB e governador de Pernambuco, Eduardo Campos.

Segundo interlocutores do ex-governador mineiro, Aécio quer sentir de perto um respaldo para poder se consolidar como principal representante do PSDB e da oposição como um todo. Há duas semanas, o ex-governador paulista e candidato derrotado à Presidência José Serra (PSDB) esteve em Brasília para conversar com as bancadas.

A visita de Serra foi marcada por uma discussão áspera entre ele e o atual presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra (PE). O tucano paulista ficou irritado com a versão de que poderia assumir o comando do irrelevante Instituto Teotônio Vilela, órgão vinculado ao PSDB. A tese é a de que Serra teria atribuído a Guerra a difusão da informação.

Nos bastidores, Guerra tenta permanecer no comando do PSDB. O partido já decidiu que haverá convenções municipais, estaduais e nacional — respectivamente em março, abril e maio. O grupo ligado a Serra ainda tenta articular para que o ex-governador volte ao comando da sigla. Em 2003, após perder para Lula, ele assumiu a presidência do partido.

Na quarta, Aécio prestigiará o discurso de Tasso. O mineiro também arranjou espaço na agenda para um encontro com o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Há duas semanas, quando Serra esteve no plenário, Sarney estava no comando da sessão, mas não citou o tucano no recinto.

“Refundação”

Segundo o jornal Folha de S.Paulo, Aécio costura o apoio do governador eleito de São Paulo, Geraldo Alckmin, e do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para seu projeto, ainda obscuro, de "refundação do PSDB". Líderes da sigla nos maiores colégios eleitorais do país, Alckmin e Aécio almoçaram nesta segunda-feira (6) na capital. Já a conversa com FHC aconteceu à noite, na casa do ex-presidente.

Na saída do encontro com Aécio, Alckmin insinuou que as propostas do PSDB estão obsoletas e endossou a tese de que a sigla precisa passar por uma "reformulação". "O partido foi fundado na década de 1980 — e nós estamos em um outro momento. É importante atualizar o programa partidário e fazer uma oposição inteligente", disse Alckmin.

Após encontro com Fernando Henrique, Aécio confirmou a adesão do ex-presidente ao projeto. Segundo o mineiro, FHC coordenará a elaboração de um documento — símbolo das novas diretrizes do PSDB — a ser apresentado até junho, mês das convenções da legenda. No texto serão defendidas, por exemplo, políticas específicas para o Nordeste, profissionalização do serviço público, agendas de sustentabilidade e revisão do pacto federativo.

Aécio começou a propagar a teoria de que a sigla precisa de uma "refundação" logo após a derrota eleitoral de Serra. A tese encontrou resistência entre partidários do ex-governador de São Paulo — que enxergaram no discurso uma tentativa de isolar o tucano no partido. Questionado sobre a possível candidatura de Serra à presidência do partido, Aécio disse que, "a priori, ninguém pode ser vetado para nada" — e que conta com o ex-governador para a "refundação" da sigla.

Oposição a Dilma

Ainda em São Paulo, ao ser entrevistado no programa Roda Viva, da TV Cultura, Aécio sustentou que a refundação é uma decorrência natural das eleições. "As urnas nos deram um recado muito claro, e não vamos errar", disse.

Sobre a presidenta eleita Dilma Rousseff, o mineiro afirmou que a oposição deve "aguardar" e "observar" o futuro governo. “Dilma gera uma grande incógnita. Até porque não a conhecemos na construção política. Devemos dar um tempo para ela. Temos que observar”, afirmou. Em seguida, defendeu uma oposição “aguerrida”.

Aécio sinalizou que o PSDB deve jogar mesmo DEM às traças, devido ao constrangimento causado pelas posições ultraconservadoras antigo aliado. “É uma luz amarela que se acende — mais uma razão para atualizarmos o programa partidário", afirmou. Ele defendeu que o PSDB "descole de alguns segmentos" que defendem bandeiras que "não são nossas bandeiras".

Em críticas a Serra, o mineiro classificou de “retrocesso" o fato de questões como a descriminalização do aborto tenham tido tanta importância na campanha presidencial. Criticou, ainda, a negação do “legado” do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, como as privatizações. “Foi um erro nosso as principais lideranças do partido não assumirem o nosso legado”, disse, em outra referência indireta ao candidato tucano à presidência derrotado.

Da Redação, com agências