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ONU reconhece vitória da oposição na Costa do Marfim 

 O principal enviado da Organização das Nações Unidas (ONU) na Costa do Marfim, Choi Young-jin, disse nesta quarta-feira (8) que o candidato da oposição Alassane Ouattara venceu a disputa presidencial por uma "margem irrefutável". A comunidade internacional aumenta a pressão sobre o atual presidente, Laurent Gbagbo, para que ele reconheça a derrota.

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Até o momento, Gbagbo resiste a renunciar. O chanceler designado por Gbagbo, Alcide Djedje, previu que possa haver um acordo de divisão do poder. O enviado da ONU, porém, disse em Abidjã que Ouattara é o claro vencedor. No início da semana, Djedje ameaçou expulsar Choi do país, caso ele continue a falar que Ouattara era o vencedor.

Antes apontada como um caso de sucesso na África, a Costa do Marfim teve sua economia destruída pela guerra civil de 2002-2003. Gbagbo, que já era presidente quando ocorreu a guerra civil, não convocou eleições em 2005, o que causou um impasse político. As eleições foram remarcadas pelo menos seis vezes.

A comissão eleitoral anunciou inicialmente que Ouattara havia vencido a eleição. No dia seguinte, o conselho constitucional liderado por um partidário de Gbagbo disse que o atual líder foi reeleito. O conselho descartou meio milhão de votos em áreas que apoiam a oposição, dizendo que eleitores do atual presidente haviam sido intimidados. A incerteza levou centenas de pessoas a fugirem do país, temendo uma nova guerra civil. A ONU retirou temporariamente cerca de 500 funcionários da Costa do Marfim.

Pressão

Um porta-voz do governo de Ouattara, Patrick Hachi, afirmou que estava substituindo embaixadores marfinenses em importantes países. O primeiro-ministro desse governo, Guillaume Soro, disse que sua força política buscava tomar o controle do Tesouro. "Nós estamos convencidos de que até o fim desta semana nós veremos essas medidas terem um efeito real", disse em comunicado Soro, que foi líder do movimento rebelde Novas Forças, que já controlou o norte do país.

O presidente do grupo regional ECOWAS, Goodluck Jonathan, também presidente da Nigéria, disse que o bloco não está interessado em negociar um governo de unidade na Costa do Marfim. "Pela experiência que tivemos até agora no Quênia e no Zimbábue, isso nunca funcionou de fato e é por isso que não queremos isso."

Alguns sinais de fissuras internacionais começam a aparecer. Diplomatas disseram que a Rússia bloqueou um comunicado do Conselho de Segurança da ONU que teria apoiado Ouattara. Gbagbo continua a ocupar o palácio presidencial em Abidjã. Já o governo de Ouattara faz reuniões em um hotel do outro lado da cidade.

Da redação, com Estadão