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Enfraquecido, Rodrigo Maia antecipa saída da presidência do DEM

O presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), tomou a decisão unilateral de convocar convenção nacional extraordinária para 15 de março. Sem acordo com o ex-senador Jorge Bornhausen (SC) em torno da troca de comando do partido, Maia estava na iminência de sair derrotado na reunião desta quarta-feira (8) da Executiva Nacional se o impasse fosse submetido a voto.

A reunião foi concorrida. Pelas contas dos aliados de Maia, o grupo de Bornhausen sairia vencedor, em caso de votação. O resultado seria visto como um golpe e o fim do partido. Agora, caberá à convenção extraordinária eleger uma executiva nacional que decidirá sobre o calendário das convenções municipais, estaduais e nacional. Esta última instância ficará responsável pela eleição da direção partidária definitiva.

O anúncio de Maia foi feito no início da reunião, deixando Bornhausen, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, e seus aliados surpresos e sem reação. Uma reunião que prometia ser palco de uma guerra partidária com duração de até cinco horas, segundo previsão de alguns, acabou em cinco minutos, sem que houvesse reação de Bornhausen, Kassab e aliados.

Mais tarde, lideranças “demos” disseram a interlocutores estar tranquilos e confiantes que o partido passará a ser comandado com "maturidade". O grupo de Maia comemorava o efeito surpresa e a retomada do controle pelo presidente do partido. Seu mandato, que foi prorrogado em um ano antes das eleições e terminaria em dezembro de 2011, agora acaba em 15 de março.

Ele fica menos tempo no cargo, mas ganha o crédito de ter tomado a decisão, em vez de ter sido "apeado" do cargo, como seus aliados dizem. "Tomou as rédeas e zerou o jogo", afirmou um deles. Além disso, ganha fôlego para comandar a sucessão.

Outro efeito esperado pelo grupo de Maia é atrapalhar os planos de Kassab de se mudar para o PMDB sem perder o comando do DEM paulista. No controle das duas legendas, teria tempo de televisão e estrutura partidária para fazer frente ao governador Geraldo Alckmin (PSDB).

O projeto passaria pela antecipação das convenções municipais para abril de 2011. Daria tempo de Kassab organizar seus aliados e manter o controle do DEM em São Paulo para, depois, mudar-se para o PMDB um ano antes das eleições municipais — quando termina o prazo de filiação para quem quiser disputar. Do PMDB, ele comandaria sua própria sucessão e teria força para enfrentar o governador Geraldo Alckmin (PSDB) em 2014.

Na campanha presidencial, Rodrigo Maia deixou clara sua preferência pela candidatura de Aécio Neves (PSDB) a presidente, em vez de José Serra. Aliado de Serra, assim como Bornhausen, Kassab ficou numa situação desconfortável com a eleição de Alckmin, com quem mantém divergências. Os dois deixaram juntos a sede do partido e não esconderam a surpresa com o desfecho. "A partir de agora, vou cuidar da minha vida", disse Bornhausen.

Na reunião, Maia também fez duras críticas a Serra. Chamou a candidatura presidencial do tucano de "desastrosa", que não agregou nada. Ele justificou a decisão de convocar a convenção como forma de manter a unidade. "Eu não poderia ser responsável pela implosão do partido", disse.

Até a noite de terça-feira, Maia e Bornhausen tentaram chegar a um acordo quanto à data da antecipação das convenções que escolherão os futuros dirigentes partidários. Não houve consenso. Bornhausen defendia convenção nacional (a última, a ser realizada após as municipais e estaduais) até 29 de junho. Maia admitia antecipar para, no mínimo, 15 de julho.

Diante do impasse, o presidente “demo” reuniu os deputados ACM Neto (BA) e Ronaldo Caiado (GO) horas antes da reunião. Eles tomaram a decisão da convocar a convenção em março. Maia descartou disputar. O nome consensual até agora é o do senador José Agripino (RN), que, ao lado de ACM Neto, tentou mediar as conversas entre os dois lados.

Da Redação, com informações do Valor Econômico