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Líder estudantil britânico avisa que protestos continuarão

As manifestações contra a reforma educacional britânica continuarão, conforme afirmou o porta-voz do Sindicato de Universidades e Colégios (UCU, na sigla em inglês), Dan Ashley, que organizou na quinta-feira (9) manifestação estudantil em frente ao parlamento britânico, contra o aumento das taxas universitárias.

O protesto reuniu mais de dez mil pessoas e foi dissolvido pelas forças de repressão, em uma ação que provocou ferimentos a 43 manifestantes e a prisão de mais de 30 pessoas, segundo a Scotland Yard.

As forças de repressão investiram contra os estudantes que tentavam passar pelo bloqueio imposto entre a manifestação e o parlamento. A ação policial foi contra-atacada com paus e pedras, lançados pelos manifestantes.

Apesar da forte oposição de estudantes e dos trabalhadores, o governo administrado pelo conservador David Cameron aprovou a medida que triplica as taxas universitárias, passando de 3.290 libras (8,9 mil reais) até o valor máximo de nove mil libras anuais (24 mil reais) a partir do ciclo acadêmico 2012 e 2013.

A ação passou no parlamento, apesar da oposição popular, por apenas 21 votos de diferença (323 contra 302), três quartos menos que sua maioria parlamentar. E 21 deputados do Partido Liberal-Democratas, minoritários na coalizão do governo, votaram com seis colegas conservadores contra a medida.

"A luta continuará, não nos daremos por vencidos. Só votaram o tema das taxas, ainda falta discutir a redução do orçamento para a educação superior. Voltaremos às ruas especialmente após o Natal e não apenas nós, mas também outros setores se manifestarão contra os cortes de orçamento [para a educação]", afirmou Dan Ashley, porta-voz do UCU.

Ashley denunciou a comercialização da educação universitária, com os estudantes passando a financiar grande parte dos gastos. "O governo está lavando suas mãos, em vez de impulsionar a educação como fazem outros países. Os estudantes mais pobres agora pensarão duas vezes antes de ir para a universidade e escolherão os cursos mais baratos. Deveriam planejar outras opções, como obrigar as empresas que se beneficiam da contratação de estudantes graduados a contribuírem com a educação deles. É um escândalo", afirmou.

Atualmente, as taxas cobrem 29% do gasto total das universidades, enquanto outros 35% vêm de fundos públicos. O governo defende a medida, já que estima que as taxas médias estarão em torno de 7.500 libras (20.116 reais), já que o teto de nove mil libras só se aplicaria em "circunstâncias excepcionais", e que os estudantes não terão que pagar até que estejam trabalhando, com salários superiores a 21 mil libras anuais (56 mil reais).

Além disso, o governo destacou que vários mecanismos para ajudar aos estudantes mais pobres serão aplicados, e tentou dourar a pílula fazendo algumas concessões de última hora, como a atualização anual com o índice de inflação dos que irão ganhar os graduados para começar a devolver o dinheiro. Mas essas medidas não convenceram os estudantes, furiosos sobretudo com os liberal-democratas, que integram a coalizão do governo dos conservadores, por terem rompido uma de suas principais promessas eleitorais.

Durante a campanha eleitoral para as eleições legislativas, realizadas em maio deste ano, o partido Liberal-Democrata, liderado por Nick Clegg, tinha se oposto ao aumento dos custos da educação. Depois, alguns liberais-democratas mudaram de posição, usando como justificativa a crise econômica e a necessidade de aplicar medidas de austeridade.

Com informações do Opera Mundi