Lula na Bahia: Clima de despedida em ato político em Ilhéus

Nesta que, talvez, seja a última visita de Lula à Bahia enquanto Presidente da República, o atual mandatário da nação desembarcou em Ilhéus, no sul do estado, na tarde de sexta-feira (10/12), para assinar a ordem de serviço para construção do primeiro trecho da Ferrovia de Integração Oeste-Leste. São quatro lotes até Caetité, totalizando 536 quilômetros – aproximadamente um terço da extensão total de mais de 1,5 mil km. O investimento é de R$ 7,3 bilhões do Programa de Aceleração do Crescimento.

“Muita gente não acreditava que essa Ferrovia fosse sair do papel. Estamos acordando e transformando um sonho, que começou em 1790, a se tornar realidade em dezembro de 2010”, afirmou Lula. O projeto idealizado pelo engenheiro Vasco Neto, falecido em outubro passado aos 94 anos, é uma das prioridades do PAC e irá inserir a Bahia na rota central de escoamento da produção de grãos e minérios. O trajeto final irá cortar 32 cidades e ligar o estado até Figueirópolis, no Tocantins.

A Ferrovia integra o Complexo Logístico Intermodal Porto Sul, que inclui a construção do Porto e do Aeroporto Internacional de Ilhéus. “Se tudo der certo, a companheira Dilma estará aqui, quem sabe em março ou abril, anunciando o começo da construção do Porto”, vislumbrou Lula. O local que irá abrigar o porto de águas profundas e com capacidade para atracar navios de grande porte já está disponibilizado.

O evento reuniu autoridades locais, os senadores eleitos Lídice da Mata (PSB) e Walter Pinheiro (PT), deputados estaduais e federais, prefeitos, secretários de estado, vereadores e os empresários dos consórcios vencedores da licitação; além do governador Jaques Wagner (PT) e do ministro dos Transportes, o baiano Paulo Sérgio Passos, que inclusive colocou o Ministério à disposição para dar todo subsídio e aporte necessários até a conclusão das obras. “Uma ferrovia tem a capacidade de elevar o padrão econômico e social de uma região. Esta, em especial, vai servir ao Oeste da Bahia para o escoamento da sua produção de grãos, à região produtora de minérios, mas também como grande corredor que se abre para o Centro-Oeste brasileiro. Portanto, não é só um projeto de desenvolvimento da Bahia, mas de todo Brasil”, pontuou.

Balanço do mandato

Em clima de despedida, o presidente aproveitou a ocasião para fazer uma breve avaliação dos seus quase oito anos de gestão. “Saio com a sensação de dever cumprido. Olho o Brasil que encontrei, o que conheci nas Caravanas da Cidadania, o Brasil sem esperança, e vejo o quanto foi possível fazer por esse país”, afirmou.

Lula citou dados do Programa Luz para Todos, que já beneficiou mais de 13 milhões de pessoas com fornecimento gratuito de energia elétrica na zona rural. Também destacou a quitação histórica da dívida externa do país junto ao Fundo Monetário Internacional – FMI, que hoje deve 14 bilhões de dólares ao Brasil. O presidente ainda destacou a política descentralizadora de distribuição de verbas para os estados, independentemente da sigla política do gestor, e ressaltou o percentual de crescimento do Produto Interno Bruto – PIB que, segundo estimativas recentes do IBGE, deverá acender no mínimo a 7,5% no próximo ano, podendo chegar a índices nunca dantes vistos de até 8,3%. “A diferença básica do crescimento econômico do Brasil é a combinação entre uma macroeconomia, que não foge à responsabilidade, e uma micro economia que faz com que as coisas cheguem, diretamente, à casa das pessoas”, ratificou.

No encerramento do discurso, o presidente elogiou a gestão de Wagner e lhe confiou a continuidade, ao lado da presidente eleita Dilma Rousseff (PT), de um modelo de fazer política que alia crescimento econômico a políticas de distribuição de renda. “Minha alegria e agradecimentos não são apenas aos votos na companheira Dilma, mas pela confiança que depositaram nesse Galego, duas vezes seguidas elegendo-o no primeiro turno. (…) Tenho certeza de que ele e Dilma vão fazer muito mais do eu e ele fizemos”, finalizou sob forte aplauso.

De Ilhéus, Lula segue para Salvador, onde participa da solenidade de formatura de alunos do programa Todos pela Alfabetização – Topa. Após três anos de implantação, o Programa colocou mais de 900 mil baianos em sala de aula – 791 mil já concluíram a alfabetização e outros 185 mil vão concluir até março de 2011. Para os próximos quatro anos, a meta do Governo do Estado é alfabetizar 1 milhão de pessoas.

De Salvador,
Camila Jasmin