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Câmara aprova aumento de até 150% para executivo e legislativo

A Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (15) o aumento do salário dos deputados, senadores, vice e presidente da República e ministros. O novo valor será de R$ 26, 7 mil, o teto salarial pago pela União aos juízes federais.

O aumento representa para os ministros de Estado, que atualmente tem os menores salários do grupo beneficiado, R$ 10,7 mil, um reajuste de 149,5%, fora os benefícios. O presidente e o vice, cujo salário é de R$ 11,4 mil, terão reajuste de 133,9%. Já os deputados e senadores, que recebem R$ 16,5 mil, terão aumento de 61,8%.

Levando-se em consideração que o último reajuste para as classes foi em 2007, o reajuste para parlamentares foi mais de três vezes maior do que a inflação no período e para os ministros chegou a quase oito vezes maior do que o aumento dos preços nestes três anos.

O placar da votação foi de 279 votos a favor contra 35 contrários e três abstenções. O Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) foi o único a se apresentar contrário à medida.

Para começar a valer, a medida precisa passar pelo Senado. Como está com caráter de urgência, os senadores devem votar o projeto ainda nesta quarta. Por se tratar de um projeto de decreto legislativo, não é necessária a sanção presidencial e, assim que aprovado, ele passa a entrar em vigor.

Efeito cascata pode ocorrer imediatamente

Com a entrada em vigor do projeto que reajusta os salários de parlamentares, ministros, presidente e vice, pode ocorrer um efeito cascata nos legislativos regionais. Os deputados estaduais podem aprovar lei para receber até 75% dos salários dos deputados federais. Já os vereadores, podem fixar seus salários entre 20 e 75% do valor dos deputados estaduais, dependendo do número de habitantes do município.

Políticos criticam decisão no Twitter

O aumento de salário para ministros era uma reivindicação da própria presidente eleita, Dilma Rousseff, que avalia ser difícil trazer para o ministério nomes de peso oferecendo um salário de R$ 10 mil. Mas a preocupação da presidente eleita não se aplicava aos membros do legislativo.

Pleito antigo dos parlamentares, a equiparação com o teto do funcionalismo reacende uma novela que se repete a cada legislatura. Em 2006, por exemplo, os deputados tentaram aprovar um reajuste de 91% em seus rendimentos, mas, diante da pressão da opinião pública, acabaram aplicando apenas a correção da inflação do período.

A senadora e candidata derrotada à presidência da República, Marina Silva, criticou o projeto aprovado pela Câmara. Segundo ela, a decisão foi fora da realidade.

"Elevar o salário dos congressistas em 62%, como quer a Câmara, é fora da realidade. É afronta à necessidade de conter gastos orçamentários", disse no microblog.

O deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) também criticou a aprovação, fazendo uma analogia com problemas na conexão na internet da Câmara.

"Câmara sem internet, apagão de razão tb.: aprovado, com apenas 35 votos contrários, aumento d 62% p/ parlamentares!", afirmou.

Fonte: iG