Ex-PM mata mulher após ser solto por falta de vagas na carceragem
Preso e autuado em flagrante na Delegacia de Atendimento à Mulher em Jequié, Sudoeste do estado, de onde foi encaminhado ao Complexo Penitenciário local, acusado de agressão, o ex-policial militar Gilson Messias de Oliveira Amaral sequer chegou a ser encarcerado. A justificativa apresentada pelos policiais de plantão: falta de vagas na carceragem, destruída este ano durante rebelião. O resultado após assinar o termo de soltura: liberdade retomada e o assassinato da sua companheira, Janete Silva.
Publicado 15/12/2010 19:21 | Editado 04/03/2020 16:19
O crime aconteceu por volta de 18 horas de segunda-feira (13/12). A filha da vítima, Camila Silva, 24 anos, foi agredida a coronhadas e desmaiou no local. O ex-policial está foragido.
“Este caso vem para alargar as estatísticas de agressão à mulher na Bahia. E isso é muito grave, porque verificamos que, apesar dos avanços do ponto de vista da Legislação, da Lei Maria da Penha, nós ainda não temos aparatos de estado suficientemente preparados para enfrentar os desvarios dos agressores de mulheres”, lamentou a secretária estadual de Mulher do PCdoB, reeleita deputada federal para o terceiro mandato, Alice Portugal. De fato, o estado possui apenas duas Varas Especializadas no Combate à Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; em Salvador e Feira de Santana.
A Bahia também é o segundo estado com maior número de chamadas na Central de Atendimento à Mulher (Disque 180), criado pela Secretaria Especial de Políticas para Mulheres da Presidência da República – SPM justamente para a denúncia de casos de agressão. E dados da Polícia Civil, de janeiro a junho deste ano, apontam o registro de mais de 2.6 mil casos de lesão corporal contra mulheres no estado. “Portanto, é necessário investir mais em equipamentos e treinamento de policiais. E o Poder Judiciário precisa empenhar-se para a instalação das varas especializadas”, defendeu a parlamentar, que coordenou a Bancada Feminina na Câmara.
As polícias Militar, Civil e Rodoviária montaram barreiras nas entradas e saídas de Jequié para tentar impedir a fuga de Gilson Amaral. De acordo com a Civil, o ex-PM já tinha cumprido pena de seis anos de reclusão por diversos crimes no Sul do Estado e estava em liberdade condicional.
De Salvador,
Camila Jasmin, com Agências