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México: Casos de feminicídio preocupam Direitos Humanos

O número de feminicídios não para de crescer no México e esta problemática não passa despercebida pelos setores sociais do país. Acreditando que o assassinato constante de mulheres merece mais atenção, organizações de defesa dos direitos humanos estão se unindo cada vez mais para denunciar o aumento expressivo dos casos de feminicídios no país.

Os números coletados pelo Observatório Cidadão Nacional do Feminicídio dão uma dimensão do problema no país. De janeiro de 2009 a junho de 2010 foram documentados 1.728 feminicídios em 18 estados mexicanos. Chihuahua, Guanajuato, Jalisco, Morelos, Oaxaca, Veracruz e Estado de México estão entre o que mais matam. Há a possibilidade de que os números sejam maiores, mas o Estado mexicano não conta com estatísticas e informações precisas.

Apesar de o problema ser de dimensão internacional, o Estado do México tem se destacado negativamente entre as três localidades que mais matam suas mulheres. Por isso, organizações do país estão evidenciando a necessidade de esclarecimentos sobre a falta de empenho para combater o crime e de ações urgentes para que o assassinato de mulheres e meninas possa ter um fim.

Um documento assinado por sete organizações de direitos humanos e divulgado ontem (9) pela Liga Mexicana pela Defesa dos Direitos Humanos (Limeddh) chama atenção para o fato de que o silêncio das autoridades competentes e a censura imperante nos meios de comunicação dão abertura para a impunidade e, por consequência, para a continuidade dos crimes.

Dois casos recentes, ocorridos no Valle de Toluca, demonstram a urgência em se fazer algo concreto para garantir a vida e a integridade das mulheres. Karla Jazmín Rueda Servín, de 23 anos, desapareceu no dia 19 de novembro deste ano e foi encontrada morta nesta semana, nas imediações de Tenancingo, Estado do México. Araceli Reynoso Vulcano, de apenas 13 anos, teve o mesmo destino. Foi encontrada morta no dia 29 de novembro em San Felipe Tlalmimilolpan.

Karla e Araceli são apenas duas das inúmeras vítimas fatais da ira de esposos, ex-companheiros ou namorados, que crêem que as mulheres estão dentro do rol de suas propriedades. Para que outras Karlas e Aracelis tenham a vida poupada, as organizações estão desafiando as autoridades responsáveis pela segurança no México a darem explicações sobre os casos anteriores e os dois mais recentes.

A população mexicana também é chamada a denunciar todo tipo de violência contra a mulher, seja ela física, psicológica, sexual, econômica ou institucional. O acompanhamento das ações das autoridades responsáveis também pode ser feito por qualquer homem ou mulher interessado em ver os feminicídios terem fim.

Buscando dar uma contribuição concreta para transformar a realidade das mulheres, a Comissão Mexicana de Defesa e promoção dos Direitos Humanos e o Observatório Cidadão Nacional do Feminicídio solicitaram, ante o Sistema Nacional para Prevenir, Atender, Sancionar e Erradicar a Violência contra as Mulheres, uma Declaração de Alerta de Violência de Gênero por violência feminicida no Estado do México. O mecanismo está previsto na Lei Geral de Acesso das Mulheres a uma Vida Livre de Violência e convoca a formação de um grupo interinstitucional e multidisciplinar, para, a partir de uma perspectiva de gênero, investigar e criar ações de combate e erradicação do feminicídio.

Fonte: Adital