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Espírito solidário da Alba marca geopolítica do continente

A visita à Venezuela do presidente da Bolivia, Evo Morales, demonstrou o espírito solidário entre os países da Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América, que hoje marca as agendas na nova geopolítica do continente.

Morales foi recebido no domingo passado (26) por seu homólogo venezuelano, Hugo Chávez, com honras militares correspondentes a seu alto cargo na Base Aérea Rafael Urdaneta, localizada em Maracaibo, estado de Zúlia.

O chefe de Estado boliviano entregou uma doação com 50 toneladas de arroz para o povo venezuelano afetado pelas intensas chuvas, em especial para a comunidade indígena da região, o que se somou a outros aportes realizados pela nação andina.

Evo Morales asseverou que "quem não vive para servir, não serve para viver, e aqui vivemos para servir a nossos povos da América Latina; é nosso mandato, compartimos o pouco que temos com a Venezuela e é a primeira vez que nosso governo começa a praticar a solidariedade".

Depois de sua chegada, Chávez sublinhou que nestes tempos brota o espírito de integração encarnado na Aliança Bolivariana, não é casualidade que tenha visitado nosso país o presidente do Equador, Rafael Correa, há apenas 10 dias, e agora Evo.

Ambos os mandatários realizaram um vôo sobre as zonas afetadas de Guajira, no estado de Zúlia, onde habita a maior população autóctone da Venezuela, entre outros os wayúu e os añu y yupkas, duramente atingidos pela tragédia natural e histórica.

Pouco antes, o chefe do Comando Estratégico Operacional (CEO), o general Henry Rangel Silva, explicou que na atualidade foram instalados na região de Guajira 79 abrigos com 12,5 mil vítimas, além de 29 mil afetados, enquanto já receberam 342 toneladas de alimentos.

Representantes da comunidade wayúu receberam os chefes de Estado com danças e cerimônias tradicionais no abrigo construído em Fuerte Mara, no qual se encontram 1.276 pessoas que perderam seus lares.

Evo Morales recebeu das mãos do prefeito de Mara, Luis Caldera, a ordem de Grão Cacique Yaurepara como reconhecimento à representação indígena da América Latina e do mundo.

Yaurepara, chefe da nação Guajira, é o cacique que obteve maior respeito deste indômito povo por ter fustigado os colonizadores espanhóis.

Morales manifestou sua alegria por receber este reconhecimento, que dedicou aos povos originários que se organizam, unem e mobilizam pelas reivindicações sociais, culturais e econômicas.

A esse respeito indicou que por causa do aquecimento global, os povos das áreas rurais, o movimento camponês e as etnias indígenas sofrem os desastres naturais ocasionados pe inconsciência dos países industrializados.

O presidente boliviano fez um chamamento à comunidade internacional a refletir em torno da mudança climático e insistiu na necessidade de realizar um debate mundial sincero com os países industrializados, responsáveis das maiores emissões de gases que incrementam o efeito estufa, principal causador do aquecimento global.

"O problema é que não estamos falando de indústrias para o bem da humanidade, não. Refiro-me a um sistema insustentável que não mede o impacto ambiental nem a exploração de recursos naturais", acrescentou.

Chávez e Morales também revisaram o mapa da América do Sul para estudar as conexões terrestres que permitam aos povos da região incrementar o comércio.

O líder venezuelano destacou a importância de desenvolver um grande trecho que percorra desde o Amazonas, passe por Manaus, Portobello e Gualeguaychú até a Bolivia, para assim encurtar as fronteiras e transportar importantes mercadorias, como a soja, o petróleo e seus derivados.

Diante das ameaças que os países da Alba enfrentam, Evo Morales fez alusão aos golpes de Estado na América Latina, os quais relacionou com a influência do governo dos Estados Unidos.

Morales pontuou: se nos respeitam, os respeitaremos, se não nos respeitam, aqui estarmos para defender a dignidade e a soberania dos povos da América Latina.

De novo na base aérea Rafael Urdaneta, en Maracaibo, desta vez de regresso a casa, Evo Morales presenteou Chávez com um poncho indígena confeccionado a mão.

O governante venezuelano agradeceu o gesto e convocou os chanceleres da Alba para uma reunião no início de 2011 para marcar uma cúpula dos presidentes das nações que integram o grupo: Venezuela, Bolivia, Cuba, Equador, Nicarágua, Dominica, San Vicente e Granadinas, e Antígua.

Fonte: Prensa Latina