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STF arquiva ação contra Lula sobre 'bolinha de papel' em Serra

O Supremo Tribunal Federal (STF) determinou o arquivamento da petição feita pelo médico Jacob Kligerman contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Kligerman pretendia que Lula se explicasse sobre declarações dadas durante a campanha eleitoral, quando classificou como uma farsa a agressão sofrida pelo então candidato do PSDB à Presidência, José Serra, durante passeata no Rio de Janeiro.

Em uma caminhada em Campo Grande, em outubro, Serra foi atingido por um material semelhante a uma bobina de adesivo após ser alvo de uma bolinha de papel.

Nas declarações, Lula afirma que Serra foi orientado por sua equipe a criar um "factóide". O presidente afirmou que, no episódio, o candidato tucano "bota a mão na cabeça e vai ser atendido por um médico que foi secretário de Saúde do prefeito Cesar Maia, e foi diretor do Inca quando Serra foi ministro da Saúde".

Segundo o ministro Celso de Mello, que decidiu pelo arquivamento, não há qualquer ambiguidade ou dubiedade nas afirmações do presidente da República, fato que justificaria o pedido de explicação. A solicitação do médico, que atendeu Serra após o ataque, foi feita por meio de uma interpelação judicial, utilizada para esclarecer uma situação considerada ambígua. Kligerman alegou que as declarações do presidente Lula acabaram por atribuir a ele a participação em suposta farsa, o que poderia configurar uma difamação.

Celso de Mello disse na decisão, divulgada no dia 23 de dezembro, que não cabe pedido de informação "onde não houver dúvida em torno do conteúdo moralmente ofensivo das afirmações questionadas" ou "onde inexistir qualquer incerteza a propósito dos destinatários de tais declarações". Para o ministro, a "leitura das declarações atribuídas (ao presidente da República) não permite qualquer dúvida em torno do destinatário das manifestações alegadamente ofensivas".

Ao falar sobre o assunto, Lula também comparou a atitude de Serra à do goleiro chileno Rojas, que nas eliminatórias da Copa do Mundo, em 1989, no Maracanã, fingiu ter sido atingido por um foguete jogado por torcedores. "Venderam o dia inteiro que esse homem tinha sido agredido, e o que vocês assistiram foi uma mentira mais grave que a do goleiro Rojas".

Fonte: Terra