Grã Bretanha eleva status da representação palestina
Israel vê com preocupação os apoios internacionais que seus vizinhos vão acumulando antes de alcançar um acordo de paz. Equador acaba de reconhecer o Estado palestino soberano após decisão semelhante do Brasil e Argentina.
Publicado 30/12/2010 17:20
Agora, é a Grã Bretanha que corre o risco de receber protestos por parte de Israel depois de elevar o status da representação diplomática palestina em Londres, em resposta ao progresso feito por sua liderança na Cisjordânia, nas preparações para a construção de um Estado. Embora a ação seja mais simbólica do que prática, ela ocorre no momento em que Israel vê com preocupação os esforços palestinos para alcançar o reconhecimento internacional antes das negociações ou acordo de paz. No dia 27, a Autoridade Palestina recusou uma proposta de acordo provisório com Israel que deixava de lado temas conflitivos como Jerusalém e os refugiados.
Estes movimentos ganharam impulso quando os EUA decidiram, no início de dezembro, abandonar os esforços para convencer o primeiro ministro Benjamin Netanyahu a renovar a moratória de construção de assentamentos em troca de retomar as negociações diretas com os palestinos. O presidente palestino Mahmud Abbas insistiu que não voltaria às conversações sem um congelamento dos assentamentos.
Na semana passada, Equador foi o último de uma série de países latino-americanos, entre eles Brasil e Argentina, a conferir reconhecimento a um Estado palestino com as fronteiras que existiam antes da Guerra dos Seis Dias, de 1967. Israel considera que esses passos – que em si têm pouco significado prático – estimulem a liderança palestina a pensar que podem conseguir um Estado sem negociações diretas.
O governo britânico não tem a intenção de seguir o exemplo latino-americano. Sua elevação do nível da presença palestina foi feita após medidas semelhantes por parte de França, Espanha e Portugal. Em julho, os EUA elevaram o status da representação palestina em Washington, embora apenas ao nível de “delegação geral”, que faz tempo prevalece na maioria dos países europeus, inclusive a Grã Bretanha.
Embora Israel não tenha protestado formalmente por essas decisões, reagiu agudamente em relação à recente decisão da Noruega de elevar o nível do representante palestino em Oslo, no início deste mês. O encarregado de negócios norueguês foi chamado à chancelaria para uma “conversa”, apesar de deixar claro que a decisão não constituía um reconhecimento do Estado palestino.
A medida não teria nenhum impacto prático no trabalho do dia a dia do representante palestino em Londres, atualmente o professor Manuel Hassassian. Mas provavelmente permitiria à delegação denominar-se “missão” e conferiria um direito automático aos futuros representantes de visitar o chanceler quando chegassem a Londres. Mas enquanto o aumento de nível francês previsto para o representante palestino – oficialmente a Organização de Libertação da Palestina – dará o direito de apresentar suas credenciais ao presidente, a decisão britânica não poderia outorgar um direito equivalente, conferido aos embaixadores dos Estados atuais, de apresentar suas credenciais à rainha.
Como a francesa, a decisão britânica significa principalmente um reconhecimento de que o gabinete palestino fez progressos consideráveis no serviço público e na reformada segurança como parte de um plano de dois anos de preparação para um Estado palestino e não para o recente impasse nas negociações.
Quando o chanceler francês, Bernard Kouchner, anunciou o aumento de nível, em julho, assinalou que os palestinos haviam “reorganizado sua administração, tornado transparentes suas finanças públicas e conseguido resultados inquestionáveis a respeito da segurança e do respeito à lei”. Dizendo que a França havia apoiado a criação das “instituições de um futuro Estado”, disse que este era “o momento apropriado” para elevar de nível a delegação geral palestina.
O momento para qualquer decisão britânica foi complicado pela tensão na atmosfera diplomática depois da paralização das conversações. O diário israelense Haaretz informou, na semana passada, que o chanceler Rafael Barak, enviou um telegrama para suas embaixadas alertando-as sobre o esforço diplomático dos palestinos, impulsionado pela falta de progresso no processo de paz, buscando uma resolução da ONU condenando os assentamentos, obtendo o reconhecimento internacional de um Estado palestino baseado nas fronteiras de 1967, e buscando aumentos de nível nas representações diplomáticas na Europa e em outros lugares.
Fonte : The Independent