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Brasil e Irã podem desenvolver políticas comuns, diz iraniana

Alvo de críticas internacionais, o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, enviou uma mulher para representá-lo na posse de Dilma Rousseff. A escolhida é a presidente da Organização Iraniana de Assuntos das Mulheres e da Família, Mrayam Mojtahed-zade. A entidade é equivalente à Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres do Brasil.

Com um manto negro dos pés à cabeça, Mrayam disse que as divergências sobre o caso da iraniana Sakineh Mohammadi Ashtiani não afetam as relações entre o Irã e o Brasil.

Para Mrayam, o caso de Sakineh é uma “coisa pequena” em comparação às afinidades que unem os dois países. “Brasil e Irã têm pontos de vistas comuns e essas pequenas coisas não interferem”, afirmou ela, acrescentando que Sakineh é acusada de homicídio e que a sentença final não foi promulgada. “No Brasil, como vocês tratam os homicidas? Não há uma punição para este tipo de crime?”, perguntou Mrayam.

A iraniana considerou um “exagero” o posicionamento do Ocidente em torno do caso Sakineh e do que ocorre no Irã e acusou o mundo ocidental de querer mascarar suas deficiências. “O Ocidente tem muitos problemas e exalta o que ocorre no Irã para disfarçar suas dificuldades”.

Em setembro, Dilma criticou o governo Ahmadinejad ao discordar da sentença de morte dada à viúva iraniana de 43 anos. Sakineh é acusada de infidelidade e participação no assassinato do marido. "Eu sou radicalmente contra o apedrejamento", disse então Dilma. "Entendo que é uma coisa muito bárbara."

Mrayam minimizou a reação da presidente eleita informando que é necessário compreender que os países têm legislações próprias e formas diferenciadas de sistema judiciário. “Cada país tem suas leis para sua segurança. Se as entidades de defesa dos direitos humanos são tão boas, devem ser boas para todos e não apenas em um caso”, disse.

Como exemplo, Mrayam citou o caso do marido, um diplomata que servia em Beirute (no Líbano), onde foi sequestrado por militares estrangeiros durante o trabalho, há 28 anos. “Será que alguma destas entidades [de defesa dos direitos humanos] se preocupa com o desaparecimento de homens iranianos capturados por forças estrangeiras, como ocorreu com meu marido?”, questionou.

“Minha sogra morreu esperando a chegada do filho que nunca aconteceu. Este é um caso comum no Irã. Quem responde por isso?”, perguntou. Mrayam acredita que a autoria do sequestro do marido seja de militares israelenses.

Mulheres iranianas

Bem-humorada e simpática, Mrayam Mojtahed-zade, falou ainda que a imagem da mulher iraniana oprimida e infeliz não corresponde à realidade.

“O presidente [do Irã] Mahmoud Ahmadinejad tem grande respeito pelas mulheres. O presidente disse uma certa vez que, quando assessores deixarem o governo, ele vai substitui-los por mulheres. A minha presença aqui para a posse [de Dilma Rousseff] demonstra esse respeito”, disse. “Nós, mulheres em cargos de comando, somos mais precisas do que os homens”, afirmou Mrayam, dando um discreto sorriso em seguida.

A iraniana afirmou que há uma impressão equivocada sobre as mulheres de seu país e o modo de vida iraniano.

Relações internacionais

Para ela, o Brasil e o Irã podem desenvolver políticas sociais comuns, por isso ela quer reunir-se com a nova ministra de Políticas para as Mulheres, Iriny Lopes. A expectativa é que a conversa ocorra até domingo (2).

De acordo com Mrayam, inicialmente, o desafio no Irã foi alfabetizar as mulheres. Para vencer o obstáculo, o governo determinou que cada família assumisse essa responsabilidade. Segundo ela, hoje apenas 7% das mulheres são analfabetas. Em seguida, a preocupação foi melhorar o atendimento à saúde da mulher.

“O desafio atual das mulheres no Irã é o aperfeiçoamento e a formação profissionais. Já avançamos muito. Dos universitários formados, 65% são mulheres. O restante é de homens. Há cinco mulheres em cargos de comando no governo federal”, disse. Segundo ela, também há mulheres no parlamento e ocupando cargos nos conselhos municipais.

Fonte: Agência Brasil