Sem categoria

Base de apoio de Dilma é a maior desde o fim da ditadura militar

Dilma Rousseff assume a Presidência da República com a maior base de apoio já formada em torno de um chefe do Poder Executivo desde a redemocratização do Brasil. Contará, em tese, com 366 deputados e 52 senadores aliados, o que não significa necessariamente garantia de lealdade.

A presidente terá que administrar as reclamações do PMDB, dono da maior bancada do Senado e segunda maior da Câmara, por maior espaço no governo, assim como de outras legendas.

Mas o novo governo já conseguiu aplacar um foco de insatisfação na bancada do PP, que tem 41 deputados e cinco senadores. Dilma aceitou substituir o ministro Márcio Fortes, de perfil técnico, e nomeou o líder da bancada do partido, o deputado federal Mário Negromonte (BA), para o comando do Ministério das Cidades. Parlamentares do PP reclamavam que Fortes não atendia os pedidos do partido.

A troca produziu ainda outro efeito. Fortes era muito próximo do presidente do PP, senador Francisco Dornelles (RJ), parente do tucano Aécio Neves. Assim, além de ganhar o apoio da bancada do partido, a nomeação enfraqueceu a ala próxima de um importante adversário da oposição.

Mais senadores

Dilma terá uma situação francamente favorável dentro do Congresso Nacional, diferentemente do que ocorreu com Lula. Teoricamente, contará com votos suficientes para aprovar, por exemplo, propostas que alteram a Constituição, privilégio que o presidente operário não teve.

Se na Câmara, Lula sempre teve maioria clara, no Senado essa hegemonia não se repetiu. A chamada Câmara Alta foi em muitas ocasiões dominada pela oposição demo-tucana. Em dezembro de 2007, o governo foi derrotado na votação da proposta que estabelecia a prorrogação da cobrança da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), que garantia recursos extras para a Saúde.

Avançar nas mudanças

Agora, Dilma ampliou sua base de apoio na Câmara e larga com um patamar de 52 senadores aliados, mais do que os três quintos (ou 60%) de votos necessários para aprovar qualquer modificação constitucional.

Essa vantagem poderá até se tornar mais confortável ainda se o governo receber a provável adesão dos seis senadores do PTB. Na campanha presidencial, o partido apoiou a candidatura do tucano José Serra. Mas a maioria dos seus parlamentares deseja compor com o governo.

Com a base mais ampla, o futuro governo pode promover mudanças e avançar muito mais que o governo Lula, pois teria votos para aprovar propostas polêmicas, como a própria volta da CPMF, e reformas estruturais (política, tributária, agrária, urbana, educacional, da saúde e da midia), caminhando na direção de um novo projeto de desenvolvimento nacional, com soberania e distribuição de renda.

Com agências