Ana C.Cavalcante: Lembrete aos queridos brasileiros e brasileiras

O 3 de Janeiro surge, depois da troca de comando da oitava economia do mundo, como a largada para os novos tempos

“Vamos viver no Nordeste, Anarina.
Deixarei aqui meus amigos, meus livros, minhas riquezas,
minha vergonha.
Deixarás aqui tua filha, tua avó, teu marido, teu amante.

Aqui faz muito calor.
No Nordeste faz calor também.
Mas lá tem brisa:
Vamos viver de brisa, Anarina.”

Poema Brisa, do poeta nordestino Manuel Bandeira

Muita emoção marca este começo de ano, no Brasil. A despedida do presidente mais popular da história do País e a posse da primeira mulher a assumir um mandato à frente da presidência da República brasileira. O 3 de Janeiro surge, depois da troca de comando da oitava economia do mundo, como a largada para os novos tempos. Boa parte do que está estabelecido deverá ser mantida; mas é certo que mudanças virão.

A macroeconomia de Dilma Rousseff será caracterizada pela estabilidade, como ficou claro no seu discurso de posse. Entre suas prioridades também está a erradicação da pobreza, a partir da irrigação da economia com os recursos do pré-sal e dos investimentos a serem realizados por meio do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).

Contudo, o mais importante do discurso de Dilma talvez tenha sido o que não foi dito. Não com as letras garrafais com a quais não sobraria nenhuma dúvida sobre a intenção do novo governo. O fato é que o combate à desigualdade regional com políticas efetivas e permanentes não estava entre as primeiras palavras da presidenta – para usar a forma como ela prefere ser chamada.

Mais uma razão para este espaço ser ocupado com uma bandeira vital para o desenvolvimento socioeconômico de todo o País. Sem reduzir a distância entre o Nordeste e regiões historicamente privilegiadas pela ação governamental, como Sudeste e Sul, o País não estará pronto para transformar a vida dos “queridos brasileiros e brasileiras” citados carinhosamente por Dilma.

Os mesmos nordestinos que não hesitaram em apoiar a candidatura petista incondicionalmente devem, agora, ficar alertas para cobrar a correção da rota que trouxe a esta injustiça crônica. Por outro lado, é preciso associar a isso uma mudança de comportamento essencial. Todos nós temos, por obrigação, que assumir uma atitude pró-ativa em relação às demandas do Nordeste. Exigindo, como cidadãos, tudo aquilo que nos é de direito. E, ao mesmo tempo, contribuindo para criar as condições favoráveis a uma realidade bem diferente da que temos hoje.

A propósito disto, aqui vai um recado especial aos parlamentares regionais: a atuação firme e comprometida com os interesses de cada estado e da região, por parte dos nossos representantes em Brasília, será tão determinante na transformação deste paradigma quanto a vontade política do Palácio do Planalto. Portanto, todos nós estamos envolvidos na conquista de um objetivo único: diminuir a assimetria injustificável que separa os brasileiros pela desigualdade e alimenta a ignorância do preconceito. Só assim queridos leitores-internautas, nós estaremos prontos para sentir a brisa maravilhosa que sopra neste pedaço de Brasil.

Ana Cristina Cavalcante é jornalista, com diploma, que adora Economia, Filosofia, rock inglês e futebol.

Fonte: InvestNE

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