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Novo Congresso de maioria republicana é desafio para Obama

O Congresso dos Estados Unidos iniciará sua 112ª legislatura nesta quarta-feira (05), com maioria republicana na Câmara de Representantes, o que poderá anular ou enfraquecer algumas conquistas democratas. O presidente Barack Obama terá que enfrentar o desafio de negociar com os adversários, para evitar que o governo seja paralisado pelos legisladores hostis à agenda de sua gestão.

Nesse espírtito, Obama, pediu nesta terça (04) ao Congresso que coopere com o governo, para criar mais oportunidades de trabalho e promover a recuperação econômica. Segundo a Casa Branca, o presidente reiterou que a missão principal do governo americano em 2011 é consolidar o soerguimento da economia. Ele disse esperar que, no ano novo, os republicanos deixem de lado as disputas partidárias e obtenham progressos em políticas importantes.

Prevendo as dificuldades que enfrentará nessa nova legislatura, o líder norte-americano pressionou pela aprovação de várias medidas no Congresso entre as eleições legislativas de 2 de novembro e 22 de dezembro, período em que os democratas ainda detinham sua maioria de 255 cadeiras na Câmara e de 59 no Senado.

O esforço legislativo levou a um corte fiscal de US$ 858 bilhões para estimular a economia, ao fim da proibição de gays e lésbicas servindo abertamente nas Forças Armadas dos EUA e à aprovação do novo Tratado de Redução de Armas Estratégicas (Start), que determina o corte dos arsenais nucleares dos EUA e Rússia.

Mas o clima favorável de 2009 e 2010, em que também foram aprovados a reforma da saúde e um pacote de estímulos econômicos de US$ 787 bilhões, não deve permanecer a partir desta segunda-feira. Na nova Câmara de Representantes, a oposição republicana contará com uma maioria de 242 deputados, enquanto no Senado se sentará em seis assentos que antes eram democratas.

Os republicanos já programaram uma votação para revogar a reforma do sistema de saúde na próxima semana, mas os aliados do presidente prometeram resistir a qualquer esforço para anular as leis aprovadas no ano passado.

Uma prévia dos problemas que vêm pela frente já começou a aparecer. Em 13 de dezembro, o juiz do Estado da Virgínia Henry Hudson, nomeado pelo presidente republicano George Bush (2001-2008), considerou inconstitucional um dos principais pontos da reforma da saúde. Segundo o magistrado, o Estado não pode “exigir” que os cidadãos adquiram seguro saúde, como prevê a proposta de Obama.

Outro plano de Obama que corre o risco de fracassar é o de infraestrutura e transporte. A expectativa é de que os republicanos se oponham ao programa que prevê cerca de US$ 11 bilhões em ferrovias para trens de alta velocidade e transporte.

Uma prioridade da nova maioria republicana, fiel à promessa de austeridade fiscal que fizeram aos eleitores no pleito de novembro, será eliminar um total de US$ 100 bilhões das despesas para programas internos este ano.

Os líderes republicanos não detalharam quais os programas que sofrerão cortes, mas deixaram claro que serão mantidas as despesas relacionadas com a defesa, a segurança nacional e os serviços a veteranos.

Qualquer medida aprovada pelos republicanos na Câmara de Representantes, porém, poderá enfrentar resistência no Senado, onde os democratas ainda têm vantagem numérica e podem bloquear esses projetos.

Além disso, o presidente Barack Obama poderia recorrer a seu poder do veto de medidas que contenham cortes. Os republicanos também aproveitarão sua nova maioria na Câmara para ordenar investigações de todo o tipo.

O Comitê de Supervisão e Reforma Governamental da Câmara, que será presidida pelo republicano Darrell Issa, deve lançar investigações sobre assuntos como os vazamentos do site WikiLeaks, a suposta corrupção no Afeganistão e o papel das instituições Fannie Mae e Freddie Mac na crise hipotecária, segundo a revista "Político".

A ex-presidente da Câmara e agora líder da minoria democrata, Nancy Pelosi, disse na terça-feira que seu partido está disposto a trabalhar com os republicanos, mas manterá uma "tenaz" oposição se os membros do partido adversário tomarem medidas para "solapar" a economia.

2012

Ao assumir a Câmara como inimiga declarada de Obama, a bancada republicana está de olho nas eleições presidencias de 2012. A estratégia será obstruir a pauta do governo. Um dos antecessores do presidente, o democrata Bill Clinton (1993-2000) vivenciou situação semelhante à atual.

No meio do mandato, Clinton também viu os republicanos controlarem a Câmara dos Representantes. Não tinha pela frente, contudo, o mesmo cenário econômico desolador que o atual presidente. Projeções não-partidárias estimam que a dívida americana pode triplicar e exceder 185% do PIB dentro de 25 anos.

Os obstáculos que Obama terá pela frente estão também dentro de seu próprio partido. Além dos republicanos, ele terá de agradar democratas mais liberais que ficam insatisfeitos com tentativas de acordos entre o presidente e os novos parlamentares e ameaçam boicotar pacotes e projetos negociados, numa divisão interna que testará a influência do presidente norte-americano em seu próprio partido.

Para tentar acalmar os ânimos de seu próprio partido, Obama tem buscado lançar mão de recursos extras. Em meados de dezembro, o presidente convidou Clinton para uma reunião e para fazer um pronunciamento, em que o antecessor pediu apoio de democratas liberais para o acordo sobre cortes de impostos com os republicanos. O pacote acabou sendo aprovado em 17 de dezembro.

Com agências