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PMDB afina discurso e separa mínimo da disputa por cargos

O líder do PMDB na Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (RN), divulgou nota nesta quarta-feira com esclarecimentos sobre o debate em torno do valor do salário mínimo e da disputa da presidência da Câmara. Na nota, Henrique Alves nega que a discussão sobre o valor do mínimo esteja sendo usada pelo seu partido na disputa por cargos no governo Dilma Rousseff.

"Misturar esse tema com a definição de cargos na composição natural do nosso governo é uma absurda e imperdoável irresponsabilidade". Contudo, o deputado afirma que a discussão está apenas no início. "O governo Lula fixou por meio de medida provisória o valor de R$ 540. Chegou a hora de o plenário debatê-lo e votá-lo. Muitas outras propostas virão".

Henrique Eduardo Alves diz também que é preciso buscar números e razões para enfrentar o debate. "Diante da responsabilidade que temos com o País e com o nosso governo da presidente Dilma, queremos antecipar a este momento uma discussão séria com a área econômica. Buscar números e razões para enfrentar este debate, que não pode ser emocionalizado nem demagógico", afirmou.

Michel Temer: contas públicas

O vice-presidente da República, Michel Temer, também tratou do assunto e disse que o PMDB somente será favorável a uma proposta de aumento do salário mínimo acima de R$ 540 se ela for compatível com as contas públicas. Em entrevista concedida após participar da missa em homenagem ao ex-governador de São Paulo Orestes Quércia, na capital paulista, Temer afirmou ter se reunido com o PMDB ontem para discutir o mínimo e disse que o partido não votará contra o governo.

"Evidentemente, o PMDB só vai fazer aquilo que seja compatível com as possibilidades do erário", garantiu. "O que o PMDB tem dito é que, evidentemente, indo para o Congresso, haverá discussão. Mas o PMDB só vai fazer aquilo, volto a dizer, que seja possível para o Tesouro. Fora daí, digamos, o PMDB não vai votar contra o governo. Vai votar tudo de acordo com o governo", completou.

Segundo o vice-presidente, não apenas do PMDB, em relação à distribuição de cargos do segundo escalão do governo. "Estamos conversando sobre isso com toda tranquilidade. O que há é um certo açodamento, aliás, não só do PMDB, mas do conjunto (dos partidos)", afirmou.

Temer disse que foi decidido que essa questão seria discutida posteriormente, na primeira reunião da coordenação política do governo. "Nós decidimos que deixaríamos um pouco para depois e o PMDB, reunido comigo ontem (terça-feira 4), também resolveu deixar um pouco para depois. Em um dado momento, se conversará sobre isso e tudo se ajustará", explicou. "Não haverá dificuldade nenhuma e o PMDB não vai criar nenhuma espécie de obstáculo".

Garibaldi pretende atuar como "moderador"

Outro cacique peemedebista, o ministro Garibaldi Alvaes (Previdência), mostrou que o assunto dentro do PMDB está pautado por um discurso conciliatório e defendeu o diálogo entre Executivo e Legislativo em busca de uma solução para o reajuste do salário mínimo. Garibaldi disse que pretende atuar como moderador.

"O melhor seria sentar numa mesa Executivo de um lado e Legislativo do outro e tentarmos encontrar uma solução que admito, diante da palavra do ministro (da Fazenda), Guido Mantega, que não pode ir muito adiante, infelizmente, dos R$ 540", disse Garibaldi, completando: "Eu estou investido, aliás eu me investi deste papel de moderador nesta hora, porque eu sei o que representa para a Previdência esses números".

Segundo Garibaldi, o PMDB, como qualquer outro partido, vai lutar "em qualquer situação" pela melhoria do salário mínimo. Ele confirmou que participou de uma reunião na noite de terça-feira com o comando do partido, mas segundo ele, no encontro o assunto não foi discutido.

"Na reunião, não se discutiu a questão do salário mínimo. Se discutiu a questão do relacionamento do partido com o Executivo mas essa questão pontual do salário mínimo não foi discutido. Até lamento porque seria oportuno que isso tivesse sido discutido", disse.

Garibaldi destacou também que a Previdência vai colaborar para que haja um acordo com o Congresso que não "sobrecarregue" a situação financeira do país e principalmente a situação da pasta.

Barganha

Para alguns analistas políticos ouvidos pela imprensa, o discurso conciliatório do PMDB e a suposta "separação" dos temas salário mínimo e cargos é, na verdade, uma sinalização de que os peemedebistas estão mesmo é querendo barganhar o apoio ao mínimo de R$ 540 em troca de mais cargos no segundo escalão do governo.

Com agências