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Jornada de 35 horas desperta intensa polêmica no PS francês

O Partido Socialista Francês está vivendo intensa polêmica interna sobre a questão da jornada de trabalho de 35 horas semanais, principal medida do governo de Lionel Jospin (junho de 1997 a maio de 2002), aplicada a partir do ano 2000.

O debate foi aberto por Manuel Valls, prefeito socialista de Ivry, situada a 26 quilômetros ao sul de Paris. Ele é também deputado pela região de Essonne e candidato declarado às eleições primárias do PS que designarão o candidato às eleições presidenciais às eleições presidenciais de 2012.

Valls declarou no último domingo (2), em entrevista à Rádio Europa 1 que os socialistas deveriam “desbloquear” as 35 horas, que, em sua opinião já não existem. “Isto deve permitir aos franceses, para aqueles que têm a chance de possuir um emprego, trabalhar mais, duas horas, três horas, sem recorrer obrigatoriamente às horas extras que custaram muito ao Estado e à economia francesa”.

“O papel dos líderes políticos com responsabilidade, principalmente os de esquerda, é dar provas de inventividade e de capacidade de formular novas propostas que não se atenham às idéias ou às posturas dos anos 1970, 1980 ou 1990”, disse Manuel Valls em outra entrevista, na terça-feira (4) à estação radiofônica RTL.

Rapidamente, o Partido Socialista reagiu. Desde a segunda-feira (3) de manhã, em France Info, através do seu porta-voz, Benoit Hamon, que apelou a Manuel Valls a “voltar ao caminho correto”. Hamon disse que “é melhor para um socialista pensar como socialista”. Segundo o porta-voz do PS, a proposta de Manuel Valls de reconsiderar a lei das 35 horas “é uma má intuição política” e “restrita ao plano econômico”.

Por seu turno, Alain Vidalies, secretário nacional encarregado do Trabalho e Emprego no OS, perguntado pelo site do “Jornal Du Dimanche” (Jornal do Domingo), considerou que “Manuel Valls” é um franco-atirador isolado sem muito apoio no seio dom partido”.

Jack Lang, ex-ministro da Cultura durante o governo de François Mitterrand e atual deputado pela região de Pas-de-Calais, formulou uma opinião menos cortante, considerando em entrevista à Rádio Europa 1 que “toda reforma merece ser revisitada, readaptada”.

Já o porta-voz do governo de Nicolas Sarkozy recebeu com agrado a posição do deputado socialista: “Bravo, Sr Valls, bravo por ter tomado consciência do dogma, da ideologia do pronto a pensar imposto pela senhora Aubry” (primeira-secretária do PS), comentou em France Inter.
O porta-voz do governo considera que se trata de uma “vitória ideológica para a direita, uma vitória ideológica para Nicolás Sarkozy” constatar que as 35 horas são “hoje contestadas pela esquerda”.

Como candidato declarado às eleições primárias do PS, Manuel Valls revela sua disposição para se demarcar dos outros candidatos, pesos pesados ainda não declarados, como Martine Aubry, Segolene Royal e sobretudo Dominique Strauss-Kahn, atual diretor geral do FMI.
A lei das 35 horas entrou em vigor a partir do ano 2000. O texto se baseava no princípio da partilha do trabalho e tinha por finalidade criar empregos. Há controvérsias na avaliação dos resultados.

Fonte: China Daily, edição em francês