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Na contramão das centrais, Palocci pressiona por mínimo de R$ 540

Enquanto as centrais sindicais unificam o discurso e preparam os músculos para lutar por aumento real para o salário mínimo, o ministro da Casa Civil, Antônio Palocci, segue na contramão pressionando a base aliada a manifestar publicamente apoio ao valor proposto pelo governo ao Congresso, de 540 reais, que sequer repõe a inflação oficial verificada ao longo de 2010 e configura arrocho.

Veja o vídeo:
-Centrais vão às ruas por mínimo de 580 reais

De acordo com informações divulgadas pelo Folha.com, Palocci conversou com lideranças do PP e pediu que o partido se pronuncie a favor da proposta do governo. A pressão é que explicaria a nota divulgada pelo PP sobre o tema, que manifesta confiança na presidente Dilma e assegura que a bancada "votará unida o valor estipulado pelo governo".

"Historicamente”, assinala o documento, “os aumentos concedidos ao salário mínimo recebem críticas, pois são considerados insuficientes por quem ganha e prejudiciais às contas públicas por quem concede. O Partido Progressista confia na condução da presidenta Dilma Rousseff e na decisão da equipe econômica do governo sobre o aumento do salário mínimo", diz a nota do PP, assinada pelo deputado João Pizzolatti (SC).

Arrocho?

Com este comportamento, o ministro da Casa Civil, que já não goza de muita simpatia nos movimentos sociais e círculos mais progressistas (em função de suas posições conservadoras sobre política econômica e notórias ligações com o sistema financeiro), não contribui muito para melhorar sua imagem entre os sindicalistas.

AMP assinada por Lula no dia 30 de dezembro usa o índice de 5,88% para reajustar o salário mínimo, elevando seu valor de R$ 510 para R$ 540. Contudo, o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) de 2010, usado no cálculo para o aumento, ainda não estava completamente apurado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Pressão e contrapressão

O INPC fechado ficou em 6,47%, um índice maior do que o fixado na MP, que elevaria o a R$ 543. Se tal valor for mantido, Dilma Rousseff começará seu mandato arrochando o salário mínimo, ou seja, impondo perdas. Essas são ainda maiores se considerarmos o fato de que a inflação para os trabalhadores de baixa renda foi significativamente maior do que o INPV em função da alta dos preços dos alimentos, que pesam relativamente mais no orçamento das famílias que se viram com o mínimo (47 milhões de pessoas, segundo estimativas do Dieese).

Por isto, também já é dado como favas contadas que a presidente vai mudar o valor. A tendência é arredondar para R$ 550. Nesta quarta-feira (12), o ministro de Relações Institucionais, Luiz Sérgio, reuniu-se com o líder do PDT, deputado Paulo Pereira da Silva (SP), o Paulinho da Força, e sentiu pressão em sentido contrário.

O parlamentar, que também preside a Força Sindical, disse que o governo precisa negociar. As centrais sindicais querem que o mínimo seja reajustado para R$ 580. "O governo está se fazendo de morto para pegar o coveiro. Sem negociação, o ônus político do veto fica com a Dilma", disse.

Da redação, com Folha.com