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Dólar acompanha mercado externo e continua descendo a ladeira

As medidas adotadas pelo governo até o momento com o objetivo de impedir a valorização excessiva do real não revelam grande eficácia. Pelo segundo dia consecutivo, o dólar encerrou o pregão nesta quinta feira (13) no território negativo, acompanhando o mercado de câmbio externo. A divisa americana perdeu valor para as principais moedas rivais nesta jornada, com destaque para o euro.

O dólar comercial encerrou o pregão com queda de 0,47%, cotado a R$ 1,667 na compra e a R$ 1,669 na venda. Na mínima, foi a R$ 1,668 e, na máxima, a R$ 1,678. O giro interbancário somou US$ 800 milhões.

Na roda de pronto da Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F), o dólar pronto fechou a R$ 1,6682 (queda de 0,48%). O volume caiu de US$ 266,250 milhões para US$ 71,205 milhões. Também na BM&F, o contrato de fevereiro recuava 0,26%, a R$ 1,676, antes do ajuste final da posição.

Há pouco, o euro avançava 1,82% ante o dólar, cotado a US$ 1,336. Cabe lembrar que o real tende a acompanhar a trajetória da moeda comum europeia.

Por sua vez, o Dollar Index, que mede o desempenho do dólar ante uma cesta de moedas, recuava mais de 1%.

“O movimento no câmbio hoje foi bem arbitrado com o mercado internacional. A queda do dólar não foi mais forte por conta do receio de que, a qualquer momento, o governo anuncie mais medidas para conter a valorização do real. Esse receio se transformou num temor constante”, explica o diretor da Global Hedging, Wolfgang Walter.

O operador de derivativos da Hencorp Commcor, Victor Asdourian, lembra que há uma “forte tendência de desvalorização do dólar no câmbio interno”, por conta do fluxo de recursos ao país.

Asdourian sublinha ainda que o alto juro oferecido pelo Brasil é um atrativo para os investidores estrangeiros. “Como o mercado está certo de um aumento da Selic na próxima reunião do Copom e, no exterior, os países estão mantendo as taxas de juros em um patamar muito baixo, essa tendência se reforça”, afirma, ao lembrar que hoje o Banco Central Europeu (BCE) conservou em 1% a principal taxa de juro na região do euro.

Ele avalia que o governo está tentando alterar a tendência de queda do dólar, ao mostrar os “diversos instrumentos” de que dispõe para conter o avanço do real. “Mas dificilmente eles conseguirão mudar o rumo do câmbio, por conta do fluxo positivo”.

Nesta quinta-feira, os negócios foram pautados pela perspectiva de recuperação da economia da zona do euro, de acordo com analistas consultados. Os leilões de dívida realizados por Itália e Espanha foram avaliados como bem-sucedidos pelo mercado.

O Tesouro italiano vendeu 6 bilhões de euros (US$ 7,78 bilhões) em títulos de médio e longo prazo, com taxa de retorno mais elevada. A taxa dos títulos de 5 anos saltou de 3,24% no leilão realizado em novembro de 2010 para 3,67% agora. A taxa de retorno dos títulos de 15 anos subiu de 4,81% para 5,06%. A demanda superou a oferta em 1,4.

Já a Espanha levantou 3 bilhões de euros em leilão da dívida que era um teste-chave da confiança do investidor, um dia depois da venda bem sucedida de bônus em Portugal. A demanda foi forte, com a procura superando em 2,1 vezes a oferta. A taxa de retorno média nos bônus de 5 anos foi de 4,54%, em comparação com os 3,58% do leilão anterior, de 4 de novembro do ano passado.

Instantes atrás, em Wall Street, os índices Dow Jones e S&P 500 tinham leve declínio de cerca de 0,3%. Por aqui, o Ibovespa recuava mais de 1%. Por fim, o índice CRB, que mede o desempenho das commodities, registrava queda de 0,42%.

Fonte: Valor