PM reprime ato pacífico contra aumento de tarifa de ônibus em SP

A Polícia Militar de São paulo reprimiu no início da noite desta quinta-feira (13) um protesto pacífico contra o aumento da tarifa de ônibus na capital paulista. Aplaudidos por comerciantes, cerca de 700 manifestantes faziam passeata pelo centro da cidade quando, nas proximidades da Praça da República, foram atacados com balas de borracha e bombas de efeito moral. Duas pessoas ficaram feridas e cerca de 30 foram detidas.

Os manifestantes percorriam as ruas do centro da capital entoando palavras de ordem contra o aumento da tarifa. Vários estudantes relataram à reportagem que a manifestação se desenvolvia de forma pacífica e não houve nenhum ato que justificasse a reação da PM.
 
"Era uma manifestação pacífica para chamar a atenção das autoridades da Prefeitura e dos vereadores da Câmara Municipal. E fomos recebidos com balas de borracha", criticou a estudante Juliana Esposito, 27 anos.

Refugiados em uma galeria de uma rua próxima, os manifestantes foram seguidos pelos policiais. "Fizeram todos os estudantes que estavam com filmadoras e máquinas fotográficas apagarem os arquivos. Foi um abuso total de autoridade. Nos encurralaram dentro da galeria, que sempre foi um território livre dos jovens", disse o estudante Pablo Franco, 18 anos. Apesar disso, cenas da ação policial foram divulgadas no YouTube pelo cartunista Carlos Latuff. Veja abaixo:

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A manifestação foi organizada em redes sociais da internet, como Orkut e Twitter. Mas os estudantes não conseguiram caminhar nem 15 minutos antes da intervenção da PM. Foi o terceiro ato programado pelo Movimento Passe Livre (MPL) contra o reajuste das passagens de ônibus em São Paulo, que desde o dia 5 passou de R$2,70 para R$3. Um novo protesto está marcado para o dia 20, na avenida Paulista.

Segundo seu site oficial, o MPL é "um movimento social brasileiro que luta por um transporte público de verdade, fora da iniciativa privada." O objetivo é garantir acesso universal (ao transporte) para todas as camadas da população. "Hoje o MPL quer aprofundar o debate sobre o direito de ir e vir, sobre a mobilidade urbana nas grandes cidades e sobre um novo modelo de transporte para o Brasil", completa a apresentação.

"O movimento sabe que é uma luta longa e vamos continuar com as manifestações até a volta às aulas, até que mais estudantes venham para as ruas", disse Lucas Monteiro, representante do MPL. Segundo Monteiro, cerca de 30 pessoas foram presas e encaminhadas ao 3º DP, na região central.

O aumento foi anunciado no final de 2010 pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM) e significou um reajuste de 11,11% na tarifa. A inflação no município de São Paulo em 2010 foi de 6,4%, segundo o IPC-Fipe.

Com agências