Professores estão sendo convocados

Os professores da Rede Municipal de Educação, que estão à disposição de outros órgãos, serão convocados pela prefeitura. Ontem, em decreto publicado no Diário Oficial do Município, a secretária interina de Educação de Natal, Adriana Trindade, determinou o retorno dos professores que estão cedidos para outros órgãos da administração municipal, estadual e federal. A expectativa é que, com isso, o Executivo possa cortar despesas com os funcionários temporários.

Atualmente, 246 professores concursados da rede de ensino de Natal estão prestando serviços em outras instituições. Destes, o Executivo segue pagando os salários de 95, enquanto 113 estão com o ônus para o estado e 38 para os órgãos cessionários. Segundo Adriana Trindade, ainda não há a informação de quanto custa para o município a ausência desses professores das salas de aula, mas ela acredita que o retorno de 50% dos profissionais já seria uma economia significativa aos cofres da SME. “Esperamos que eles retornem dentro do prazo, até porque o planejamento da secretaria para o início do ano letivo depende disso”, informou Adriana Trindade.

A secretária argumenta que a contratação dos professores temporários, apesar de recomendações contrárias do Ministério Público, é imprescindível para que as aulas possam começar.

Segundo informações de Adriana Trindade, já na quinta-feira (12) três professores procuraram a secretaria a fim de discutir a manutenção de suas cessões ou o retorno às salas de aula. No decreto ficou determinado que os professores que estiveram cedidos a outros poderes, seja do município, Estado ou União, poderão continuar fora da SME, desde que que apresentem em até cinco dias documento que comprove o exercício do cargo em comissionado nesses órgãos. “Até o momento foram três, mas esse número vai crescer muito, porque vamos ligar para os professores, enviar telegramas a todos eles”, garantiu a titular da SME, afirmando também que as licenças médicas serão reavaliadas.

Temporários

No ano passado, o município tinha 899 professores temporários, que custavam R$ 1,182 milhão mensais ao Executivo. Mesmo com o retorno dos professores às salas de aula, a secretária argumenta que não será possível atender a demanda nas escolas do município. “Temos um déficit, principalmente, dos professores polivalentes, que ensinam na educação básica. Mas também precisamos de 24 professores de Ciências e 141 pedagogos, só para dar dois exemplos. Vamos convocar alguns do concurso para educadores infantis, mas ainda assim não será suficiente”, explicou.

As matrículas para o ano letivo no município vão até o dia 27 deste mês e a previsão é que as aulas comecem já no dia 9 de fevereiro.

Rede estadual também tem professores fora de sala de aula

O problema de professores fora de sala de aula também afetam a Rede Estadual de Educação. Com menos de um mês no Governo, a equipe de Rosalba Ciarlini (DEM) ainda está avaliando a situação da Secretaria Estadual de Educação. O número de profissionais cedidos pela Secretaria Estadual, no entanto, ainda é alvo de discussão entre sindicato e Executivo.

Em recentes entrevistas, o secretário chefe do gabinete Civil do Estado, Paulo de Tarso Fernandes, informou que aproximadamente 8 mil dos 17 mil professores do estado não estariam lecionando. De acordo com ele, está havendo desvio de funções dos profissionais cedidos a outros órgãos e isso, somado ao suposto déficit de 4 mil professores rede estadual, seria um dos principais fatores que contribuem para os índices de qualidade na educação potiguar. Por outro lado, a presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Educação do estado (Sinte/RN), Fátima Cardoso, afirma que não há desvio de função e que o número exposto por Paulo de Tarso não condiz com a realidade. De acordo com a sindicalista, aproximadamente 2 mil professores estão fora das salas, mas entre 200 e 300 profissionais estão com licenças não remuneradas. Além disso, Fátima Cardoso também explica que muitos dos profissionais cedidos estão em coordenações, salas de leitura, bibliotecas, salas multimídias e outras áreas que devem ser comandadas por professores. Mesmo assim, a tendência é que ocorra a relocação dos profissionais e muitos voltem a lecionar.

A nova secretária de Educação, Betânia Ramalho Leite, informou que já há a determinação por parte da governadora de que seja realizado um levantamento acerca dos professores que estão fora das salas de aula e a atual demanda de profissionais. De acordo com ela, somente após esse estudo é que será possível identificar as carências da pasta.
 

Tribuna do Norte