Assassinatos de oposicionistas tomam conta da Guatemala
Os ativistas dos direitos humanos mais atacados na Guatemala em 2010 foram sindicalistas, ambientalistas e mulheres ativistas contra o tráfico de seres humanos. E o governo não tem sido capaz de proteger a vida e a segurança destas pessoas, disse Claudia Samayoa, diretora da Unidade de Proteção a Defensoras e Defensores de Direitos Humanos da Guatemala (Udefegua).
Publicado 16/01/2011 15:40
Samayoa disse que foram registrados pelo menos 294 ataques contra ativistas humanitários, entre janeiro e a primeira quinzena de dezembro, Alguns casos como o assassinato da socióloga Emilia Quan, ocorrido em Huehuetenango, tiveram condenação nacional e internacional, mas outros crimes ficaram no anonimato, como o de David Salguero, ocorrido em Petén.
De acordo com a diretora, em 2010 as agressões diminuíram em comparação a 2009 mas, contudo, essa diminuição pode ser devido ao fato de que muitos dos agredidos já não denunciam os crimes devido à débil resposta do governo.
Em Jocotán (Chiquimula) a organização Plataforma Agrária foi acusada de desinformar os moradores sobre o projeto do Corredor Tecnológico, provocando distúrbios que deixaram um saldo de um policial morto e vários feridos; em Zacapa, as ameaças e intimidações ocorrem contra os defensores dos mananciais de água e da montanha Las Granadillas.
Samayoa relatou que outro grupo que tem sido muito golpeado são os sindicalistas, vários deles membros da Frente Nacional de Luta (FNL) e da União de Saúde, que tem se manifestado contra a corrupção.
Em fevereiro de 2010 as organizações denunciaram o assassinato de Pedro Antonio García, do Sindicato dos Trabalhadores de Malacatán (San Marcos), supostamente por exigir direitos trabalhistas
A ativista de direitos humanos diz que a resposta do governo tem sido muito fraca nesta situação. A Comissão Presidencial de Direitos Humanos (COPREDEH) não entregou o Programa de Proteção dos Defensores e a instância de análise de ataques a defensores do Ministério do Interior (Ministerio de Gobernación) está muito fragilizada; inclusive muitos ativistas tiveram retirada a proteção que tinham antes, denunciou.
Finalmente, Samayoa acusou que a situação de desproteção se agrava em departamentos distantes da área metropolitana, como San Marcos, Huehuetenango y Petén, pois não há procuradorias em todos os municípios; ela enfatizou que a impunidade continua sendo um problema grave;
Nestes departamentos ocorreram os assassinatos de David Salguero, da socióloga Emilia Quan e do sindicalista Pedro Antonio García, embora estes não tenham sido os únicos crimes de 2010. Também foram assassinados o artista e promotor da cultura Maia, Lisandro Guarcax, em Sololá; Octavio Roblero e Evelinda Ramírez, em San Marcos, e do dirigente camponês Efraín Mantar Corea, em Los Amates, Izabal, entre muitos outros.
Fonte: Cerigua