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Dólar desafia medidas do governo e continua em queda livre

A cotação do dólar comercial fechou em baixa de 0,30%, a R$ 1,678 na venda nesta quarta-feira (19). A sessão foi marcada pela baixa volatilidade, com investidores aguardando a decisão do Banco Central sobre os juros básicas, que pode acentuar a valorização do real.

O BC voltou a realizar duas operações de compra de dólar durante o dia. No primeiro leilão, a taxa de corte foi de R$ 1,67. Na segunda operação, foi de R$ 1,673. Isto não impediu a queda da moeda estadunidense.

Juros e câmbio

O Comitê de Política Monetária anuncia à noite a decisão sobre a taxa básica de juros. O mercado tem trabalhado com a previsão de um aumento de 0,5 ponto percentual, mas uma alta maior poderia intensificar a queda do dólar nos próximos dias.

Em meio à expectativa pelos juros, o mercado também monitora a intervenção do governo para frear a valorização do real. Conforme os analistas, a compra de dólares pelo BC no mercado à vista diminuiu nos últimos dias, em resposta à adoção de um depósito compulsório sobre as posições vendidas dos bancos, anunciada no dia 6.

A possibilidade de uma intensificação das compras no mercado futuro via swap cambial reverso, porém, continua aberta. Na semana passada, o BC ofertou esses contratos pela primeira vez em quase dois anos. "Existe um receio constante do mercado em função da atuação do BC", disse Nassar.

Paliativos

Em três meses, o governo federal tomou três medidas para conter a queda do dólar, mas elas se revelaram paliativas, insuficientes para solucionar o problema, pois no mesmo período a moeda norte-americana registrou desvalorização de 0,83%.

Em outubro de 2010, foi anunciado o aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) para investidores estrangeiros que aplicam em renda fixa. A taxa passou de 2% para 4%. Duas semanas depois, a alíquota passou para 6%.

No começo deste ano, o Banco Central (BC) anunciou uma medida para aumentar a demanda do dólar e desestimular os bancos a operarem para derrubar a cotação, com o objetivo de valorizar o real. Em 4 de outubro (dia da primeira medida), o dólar comercial valia R$ 1,692 e, ontem, fechou cotado a R$ 1,678.

Os fatos sugerem que, visando o burro, o governo está batendo na carga, sem atingir o animal. Entre as principais causas da valorização do real, ao lado da política monetária expansionista dos EUA, destaca-se a alta da taxa básica de juros (Selic), a maior do mundo em termos reais (descontada a inflação), que atrai expressivo volume de capital especulativo em busca de lucro fácil. Seria precisa mudar a política monetária conservadora e de viés neoliberal, mas nesta quarta (19) ficou claro que o governo não tem muita disposição ou coragem de caminhar neste sentido. O Banco Central promoveu uma nova alta da Selic e o Brasil continua com o triste troféu de campeão mundial dos juros (reais) altos.

Da redação, com agências