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Unctad destaca papel do Estado na forte recuperação da AL

As medidas de estímulo adotadas por governos da América Latina e do Caribe estão entre as principais razões da forte expansão econômica da região em 2010, segundo um relatório divulgado terça-feira (18) pela Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad, na sigla em inglês). O estudo também critica a elevação das taxas de juros como política antiinflacionária, alertando que isto pode exacerbar os problemas cambiais.

Os países da região cresceram, em média, 5,6% no ano passado, resultado considerado “excepcional” após a retração registrada em 2009 – de 2,1%, em função da crise econômica mundial -, que contrasta fortemente com a prostração econômica das potências capitalistas (EUA, Japão e UE).

O papel do Estado

A recuperação foi ainda mais forte na região da América do Sul, onde o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 6,3% no ano passado. Segundo o estudo, as medidas de estímulo adotadas por governos locais, em resposta à turbulência econômica, têm sido um “fator importante” na recuperação.

Dentre as medidas adotadas pelos governos estão a redução das taxas de juros, o aumento de salários acima da inflação e os subsídios governamentais.

A conclusão da Unctad, fundada nos dados da realidade, atesta a falência do neoliberalismo, traduzido no finado Consenso de Washington, que confia ao mercado a correção das perturbações recorrentes que abalam a economia capitalista e prega a falácia do “Estado mínimo”.

Desemprego

“As medidas ajudaram a restaurar a confiança e a fortalecer a demanda doméstica ao longo de 2010”, diz o texto. Uma das consequências mais positivas da recuperação, segundo a Unctad, é a redução do desemprego.

De acordo com o estudo, o nível de desemprego na América Latina e Caribe caiu de 8,2% em 2009 para 7,8% no ano passado. A partir de 2011, no entanto, a expectativa é de que os estímulos adotados pelos governos sejam “moderados”, de acordo com a Unctad, reduzindo o crescimento econômico da região para 4,1% neste ano e para 4,3% em 2012. Na América do Sul, o crescimento deve cair para 4,5% este ano, prevê o órgão da ONU.

Riscos

Segundo o órgão da ONU, a região da América Latina e do Caribe deverá enfrentar alguns riscos econômicos nos próximos anos, sejam eles internos ou de origem externa. O estudo destaca a ampliação dos déficits em contas correntes, que reflete as transações econômicas (comerciais e financeiras) dos países com o exterior.

Enquanto em 2010 essas contas foram beneficiadas pelo preço das commodities, que impulsionaram as exportações, a tendência para 2011 é de “redução do ritmo” das vendas no mercado internacional, em função da valorização de moedas de alguns países da região.

México e América Central deverão ser os mais afetados por essa valorização, em função da forte dependência de suas economias em relação ao mercado norte-americano, ainda em sérias dificuldades para estimular o consumo.

Quanto aos riscos domésticos, o relatório da ONU chama atenção para o perigo de “bolhas” de ativos, como no setor imobiliário. A Unctad critica o uso da elevação das taxas de juros para prevenir a inflação e eventuais bolhas, como fazem Brasil, Chile e Peru. O estudo do órgão da ONU alerta que “taxas de juros mais elevadas poderiam atrair mais fluxos de capital, agravando a pressão sobre as taxas de câmbio”.

Da redação, com agências