PT e PMDB: as várias faces de um arranjo eleitoral

Site Roberta Tum – Coluna Opinião
quarta-feira, 26 de janeiro de 2011, 12h25m

Lendo o Blog do Josias dia destes me deparei com uma pesquisa interessante sobre a relação entre peemedebistas e petistas na formação do novo governo Dilma. Nela, a expectativa do PMDB de conviver com o PT no governo era bem melhor do que a via contrária: os petistas desconfiam da "sede de cargos" do PMDB e seu pouco compromisso.

No Tocantins a relação é diferente: aqui quem ficou por oito anos no poder foi o PMDB e o PT ganhou pouco ou nada com isso. Agora, às vésperas da eleição da Mesa Diretora da Assembléia não faltam cobranças para que o partido marche junto com os peemedebistas, com os quais disputaram as eleições.

O PT é a bola da vez e tem sido considerado o fiel da balança pelo grupo oposicionista, que ao certo mesmo conta com 11 votos na disputa pela presidência da Assembléia Legislativa. Os argumentos mais utilizados, inclusive pelos peemedebistas, é a proximidade ideológica das bandeiras defendidas pelos dois partidos.

Por esta lógica o PT não poderia fazer acordo, nem composição com as forças unidas na base do governo, que é do PSDB/DEM/PR/PTB. Cabe um olhar mais distanciado para fazer a análise da relação entre os dois partidos ao longo dos anos. Em Brasília, o PMDB está na vice de Dilma Roussef e ajudou a construir sua eleição. A participação agora é cobrada em cota de cargos no novo governo.

Pesquisa recente, à qual o jornalista da Folha, Josias de Souza fez menção em seu blog dia destes mostrou a expectativa que petistas e peemedebistas têm uns com relação aos outros na convivência íntima do poder. O PMDB tem todo otimismo possível. O PT já não vê assim.

Os altos e baixos da relação PT e PMDB

Resguardadas as devidas proporções e a diferença de posições dos cenários nacional e local – no Tocantins foi o PMDB quem comandou a máquina pública nos últimos oito anos – é um casamento cercado de medos e desconfiança.

Quem tiver dúvida sente-se para ouvir do prefeito Raul Filho o que foi que Palmas ganhou na relação PT/PMDB nos últimos anos em que governaram Marcelo Miranda e Carlos Gaguim. A relação foi amistosa em alguns momentos, tensa em outros (campanha de 2006), e novamente amistosa depois. Nem o IPTU devido relativo aos lotes transferidos pelo Estado nos últimos anos a prefeitura recebeu. Quem vendeu (governo) passou autorização de escritura, e deixou correr. Quem comprou e escriturou também não pagou.

As parcerias em iluminação pública, duplicação de vias, abertura de quadras para funcionários foram consideradas uma ajuda pequena quando comparadas com as necessidades da capital, argumentos defendidos pelo prefeito Raul em entrevistas no auge da crise com o governo peemedebista de Marcelo. Ouvindo petistas ligados ao prefeito, a impressão que fica é que Gaguim prometeu muito e cumpriu pouco no período de um ano e três meses que permaneceu à frente do governo.

Hora de usar o poder de barganha

Diante da composição de forças na formação da nova Mesa Diretora da Casa, o partido ganhou poder de barganha. Não a ilegítima, imoral ou ilegal, mas a comum que faz parte da partilha própria de espaços do legislativo: comissões, assessorias, cargos na mesa.

Cercado de todos os argumentos possíveis para fortalecer o bloco de oposição o PT se encontra diante do dilema de manter a relação de altos e baixos que tem historicamente com o PMDB, ou tomar outro caminho. Do governo, três parlamentares pleiteiam a presidência: Raimundo Moreira, do PSDB, Luana Ribeiro ,do PR e Osires Damaso, do DEM.

A contagem regressiva está aberta para saber qual será o próximo capítulo da história política que o PT escreverá desta vez. Embora nas avaliações internas os petistas do comando da sigla garantam que ganharam no processo eleitoral que finalizou-se em outubro passado, na militância a impressão é bem outra.

Não é difícil ouvir que se tivesse mantido candidatura própria o PT teria traçado o rumo e o caminho de se tornar uma alternativa na política estadual. Na eleição, defendem os que têm este ponto de vista, trocou seis por meia dúzia. Agora resta ver o que fará com o poder decisório do processo, que adquiriu.