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Deputado Osmar Júnior é escolhido líder do PCdoB na Câmara

O deputado Osmar Júnior (PCdoB-PI), que cumpre o seu segundo mandato como deputado federal a partir da próxima terça-feira (1o), foi escolhido o líder do PCdoB na Câmara. Ele lembra que a primeira grande disputa que o aguarda no novo cargo é a aprovação do salário mínimo. O Partido defende a proposta apresentada pelas centrais sindicais, de R$580,00, e acompanha com interesse as negociações entre governo e centrais que pode resultar em um valor alternativo. O governo propõe R$545,00.

O parlamentar diz que, a exemplo dos 15 membros de sua bancada, vai lutar para aprofundar as mudanças que o Presidente Lula iniciou em seus oito anos de mandato. Para garantir a manutenção do processo de crescimento econômico e distribuição de renda, ele diz que é preciso mexer na estrutura tributária, por isso defende a reforma tributária.

Segundo ele, o mesmo ocorre com a reforma política, necessária para que se mantenha e aprofunde o processo democrático do país. Oriundo do Piauí, um dos estados do Nordeste mais penalizado pela desigualdade regional ainda existente no País, ele comemora as mudanças operadas na região nos últimos oito anos, quando as políticas públicas do Governo Lula minimizaram os problemas na região. Por isso, ele defende, com ênfase, a manutenção e aprofundamento do modelo de distribuição de renda.

Como líder do Partido, ele comporá o Colégio de Líderes que assessora a Presidência da Casa na escolha das matérias que farão parte da pauta de votação. Esse colegiado se reúne todas as terças-feiras. A Liderança do PCdoB também mantém a rotina de reuniões semanais com a bancada quando discute os assuntos em tema na Casa e decide sobre a posição do Partido nas votações.

Leia a íntegra de entrevista que o novo líder concedeu ao Portal Vermelho:

Vermelho: Deputado, esse é o seu segundo mandato na Câmara dos Deputados, qual a sua expectativa para o trabalho para o ano legislativo considerando a atual conjuntura, de um novo governo, com manutenção do projeto político do ex-presidente Lula e uma maioria governista na Casa?
Osmar Júnior: A expectativa é de aprofundar as mudanças que o Presidente Lula iniciou em seu governo. O Brasil mudou muito, mudou para melhor, e precisa continuar mudando. Essa é principal grande tarefa do Governo Dilma, não só dela, do Congresso, do País. No Congresso, o nosso trabalho vai ser exatamente o de buscar manter o Brasil na direção do crescimento econômico; distribuição de renda, que foi o fator mais importante do Governo Lula; da criação das condições para dar sustentabilidade a esse crescimento; e garantia dos serviços públicos, principalmente saúde, segurança e educação, como pontos básicos para tornar o Brasil um país desenvolvido.

Vermelho: Como o parlamento vai ajudar nesse projeto?
OJ: O parlamento, junto com a Presidente e os setores organizados da sociedade – trabalhadores, através das centrais; a juventude, que tem papel importante na vida política brasileira; o empresariado; os representantes do campo, tanto o agronegócio e especialmente os trabalhadores rurais, com ou sem terra –, possa estabelecer uma pauta de compromissos, compromissos que garantam o processo de inserção do Brasil no mundo, na direção que o País tem caminhado; garanta continuidade do crescimento; garanta a continuidade da distribuição de renda e ataque os problemas básicos da saúde, segurança e educação. Isso é uma pauta que tem componente de responsabilidade do Executivo, terá necessariamente o componente do Legislativo e a contrapartida da sociedade.

Vermelho: Existem dois temas polêmicos, que sempre retornam a discussão em início de legislatura, mas que sempre têm a votação adiada, que são as reformas políticas e tributária. O Sr. acredita que agora o parlamento vai conseguir aprovar essas matérias?
OJ: Sempre se fala nas reformas, mas as coloca como se elas tivessem desvinculadas da realidade do País, das necessidades do Brasil. Como se elas não tivessem a vinculação com um objetivo. Para você estabelecer a manutenção, por exemplo, da política de crescimento econômico e distribuição de renda, tem que mexer na estrutura tributária. Temos que fazer a reforma tributária. Para manter o processo democrático e aprofundá-lo, tem que fazer a reforma política. Para nós, do PCdoB, os pontos principais são, no sistema de votação, a lista fechada e financiamento público de campanha. São dois pilares de uma estrutura política que precisam constar da reforma política. Para atingir os objetivos a que me referi anteriormente, nós teremos uma pauta legislativa grande e a reforma política e tributária estarão nela.

Vermelho: Como garantir a aprovação de matérias que consolidem e ampliem os avanços sociais com uma base governista tão heterogênea?
OJ: Há uma pauta presente sempre, na opinião do grande empresariado, acerca da necessidade de algumas reformas e investimentos em infraestrutra. Nós concordamos. O nosso papel da esquerda vai ser colocar nesse processo os interesses da sociedade, especialmente dos trabalhadores. É por isso que quando nós falamos que precisamos manter o processo de crescimento econômico, temos que manter o processo de distribuição de renda. Tem que manter investimentos que melhore as condições de vida do povo, coisa que o governo Lula fez bastante nesses oito anos. O nosso papel é, ao tempo que defendemos um projeto de País, com muita ênfase, defendemos que os interesses da maioria da sociedade, principalmente dos trabalhadores, sejam atendidos nesse projeto.

Vermelho: Você é de uma região que sofre com a desigualdade regional. Essa situação já melhorou? E como vão lutar para melhorar ainda mais?
OJ: A situação melhorou muito. O grande componente do governo Lula, que eu considero importante, foi o início de um processo de distribuição de renda. As regiões mais pobres foram bem contempladas. No Nordeste de hoje, a situação econômica é muito diferente de anos atrás. Os retirantes da seca, as invasões de armazém, tudo isso ficou no passado. Hoje já temos uma rede de atendimento bem montada e isso permitiu a circulação de dinheiro na própria região. Antes, as ações do governo não colocavam dinheiro na mão das pessoas e terminava que o principal dos recursos alimentavam o mercado do Sudeste, principalmente São Paulo. O fato dele ter mudado a direção das políticas sociais e ter colocado o dinheiro na mão de quem precisa, e fez isso através do aumento real do salário mínimo e do Bolsa-Família, fez com que a economia tivesse um dinamismo maior, o que afetou positivamente na vida de todos. Isso repercutiu até na educação. Antigamente o jovem só via como saída ir embora para outra região. Hoje não, o processo migratório reduziu drasticamente. Hoje, a tendência mais forte das pessoas é continuarem vivendo, trabalhando e criando perspectivas na sua própria região.

De Brasília
Márcia Xavier