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Teresópolis: boato na rede vira caso policial e constrange autor

A corrente na internet que faz previsões assustadoras sobre a tragédia em Teresópolis virou caso de polícia. A Procuradoria Geral do Município entregou nesta quinta-feira à Delegacia de Repressão a Crimes de Informática (DRCI) uma notícia-crime contra os responsáveis pela mensagem , que teria sido veiculada inicialmente num blog e, depois, espalhada por e-mail.

O autor, de acordo com informação da procuradora de Teresópolis, Ana Cristina Costa, seria o médico Martius de Oliveira, funcionário da área de informática do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) que atuou como voluntário na cidade pela Cruz Vermelha. O texto divulga que há 12 mil mortos na região, sendo a metade em Teresópolis, e que epidemias se alastrarão pelas cidades em algumas semanas. Na noite de quinta-feira, após saber da notícia-crime, o médico se disse constrangido com a repercussão do caso e pediu desculpas à prefeitura de Teresópolis.

Segundo Martius, de 43 anos, o texto é uma transcrição não literal de um depoimento dado em Teresópolis, na quarta-feira da semana passada, por um membro da Cruz Vermelha que também teria atuado em catástrofes como a do Haiti. Ele diz não lembrar o nome da pessoa.

– Eu fiquei muito impressionado e emocionalmente abalado com o que ele falou. Simplesmente transcrevi – alegou.

Até a tarde de quinta, Teresópolis contabilizava 344 óbitos e 244 desaparecidos. A procuradora justificou a petição afirmando que "as informações veiculadas são maldosas, impertinentes e mentirosas".

A mensagem espalhada na web acusa as autoridades de omitirem o real número de corpos em Teresópolis. O prefeito Jorge Mario Sedlacek é chamado de "bandido" e "crápula". O texto teria sido veiculado, antes de ser repassado por e-mail, num blog, cujos temas são, segundo consta da página, "Ascensão espiritual, transição planetária, irmãos maiores (ETs) e hierarquia cósmica". Os responsáveis pelo blog também são alvos da ação criminal. Um dos responsáveis pelo blog, que se identifica como Anthonio Magalhães, respondeu por e-mail que Martius é um "amigo virtual".

A procuradora de Teresópolis adianta que entrará ainda com uma ação de responsabilidade civil contra as pessoas envolvidas na corrente. A delegada Helen Sardenberg intimará Martius para prestar esclarecimentos. Ele poderá responder por crime de injúria qualificada, por ter agido contra funcionário público no exercício de suas funções e por ter usado meio que facilita a divulgação.

O TRE informou que o funcionário atuou como voluntário fora do expediente, num fim de semana. A direção da Cruz Vermelha não se pronunciou.

Fonte: O Globo