Ator Irandhir Santos: Recife respira cinema
Com apenas cinco anos de carreira, o ator pernambucano Irandhir Santos, de 32 anos, é um dos homenageados na 14ª Mostra de Cinema de Tiradentes. Apesar do pouco tempo de estrada ele tem no currículo 15 filmes – 13 longas e dois curtas.
Publicado 31/01/2011 09:41
O trabalho mais recente, segundo ele, foi o mais marcante. Santos é o deputado Diogo Fraga, de "Tropa de Elite 2" – a maior bilheteria do cinema nacional. Outros dois filmes entram em cartaz esse ano, "Tatuagem" e "Lobo Atrás da Porta".
A correria foi intensa durante o festival, conversas com amigos, diretores, produtores, filmes, homenagens. Ainda assim, Santos abriu espaço na agenda agitada de Tiradentes para falar com a Revista do Brasil.
Revista do Brasil: O cinema pernambucano está cada vez mais forte, nos últimos quatro anos você fez 14 filmes, quantos foram com diretores de Pernambuco?
Irandhir Santos: Mais que a metade. No caso do Cláudio Assis eu até repeti. Depois de "Baixo das Bestas" fiz o "Febre do Rato", no final de 2010, que é o terceiro longa dele. Acredito que isso tem a ver com minha proximidade com os diretores e com acreditar nessa maneira nova de contar histórias que está surgindo por lá, o cinema pernambucano se voltou às suas raízes, isso tem impulsionado a produção audiovisual e uma nova linguagem que permite dialogar com qualquer público, do Brasil e do mundo. Faço parte desse movimento que está surgindo na cena pernambucana.
Revista do Brasil: Você pode falar um pouco mais sobre essa nova cena de Pernambuco?
Irandhir Santos: Você vai ao Recife, por exemplo, e tem lugares de exibição muito especiais, como a Fundação Joaquim Nabuco, bem coordenada pelo Kleber Mendonça. Existem vários lugares onde se encontram pessoas de cinema que geram debates e discussões interessantes. É como se a cidade respirasse cinema em seu ambiente natural, em seu habitat, em sua geografia.
Revista do Brasil: Durante debate aqui em Tiradentes, um jornalista falou sobre os prós e contras da exposição excessiva em filmes e novelas, e citou Wagner Moura, protagonista em "Vips" e "Tropa de Elite 2". Em um ele comanda uma rebelião no presídio de Bangu, no outro, é o coronel Nascimento que reprime essa rebelião. Você, que fez 14 filmes em 4 anos, não tem medo do desgaste da imagem?
Irandhir Santos: Não acredito na questão do desgaste, acho que o ator tem esse prazer, esse privilégio da transformação. A questão importante é a versatilidade em ser ator, encarar personagens diferentes e, a cada um, ser outro. Acho que o cinema te dá essa possibilidade também, porque junto ao ator há outros profissionais altamente responsáveis por aquela fisicalidade que irá ficar na imagem. São excelentes figurinistas, maquiadores e isso te ajuda muito a criar uma persona diferente. Então, pelo contrário, acho que estar em várias produções significa que você tem a capacidade de ser outro.
Revista do Brasil: Quais são suas apostas para 2011?
Irandhir Santos: Eu citaria entre tantas obras que passaram aqui na Mostra de Tiradentes, mais de 120, mas quero ressaltar um ponto que considero determinante, tanto para Tiradentes quanto para a trajetória nacional do cinema mesmo. Estou falando dos documentários que estão vindo com uma grande força. Aqui na mostra Aurora, dos sete longas, cinco são documentários, todos muito fortes e peculiares na maneira de serem feitas.
Revista do Brasil: Você destaca algum nome?
Irandhir Santos: Mais do uma aposta faço uma reverência ao trabalho de ficção da cineasta Renata Ribeiro. Eu acompanhei o trabalho dela como diretora de arte em dois filmes que participei. Recentemente ela veio à frente dos projetos, como diretora, e tem desempenhado um trabalho fantástico.
Revista do Brasil: Você pode citar alguns desses filmes?
Irandhir Santos: Em Tiradentes ela apresentou o filme "Praça Walt Disney", produzido no ano passado. Foi a pré-estréia nacional. Aposto nessa diretora como uma forte criadora. Eu gosto bastante do Super Barroco, que foi o primeiro curta-metragem dela, onde a Renata faz a junção perfeita do que ela é como profissional na direção de arte.
Revista do Brasil: Por que?
Irandhir Santos: Porque ela junta elementos onde o objeto no cinema tem tanta importância quanto o ator, a imagem, e ela faz isso de uma maneira brilhante unindo o ator aos objetos como personagens principais no filme Super Barroco. É muito interessante, a estética do filme salta aos olhos, mas está à mercê da história do filme. Muito pela experiência dela como diretora de arte e agora atrás diretamente das câmeras, como diretora, aposto muito na Renata.
Fonte: Rede Brasil Atual