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Cresce apoio a controle de capital

Pedido de freio à especulação mundial une de Stiglitz a FMI e ultraliberais. "Economistas assinarem manifesto pelo controle de capitais não surpreende. Inédito é o FMI defender, em seus próprios relatórios e documentos, a adoção dessa medida."

O comentário é do economista Fernando Ferrari, da Associação Keynesiana Brasileira (AKB), sobre carta entregue às principais autoridades do governo dos EUA em defesa do controle, assinada por economistas de diversas matizes, entre eles Joseph Stiglitz, James K. Galbraith e Ricardo Hausmann.

Este último foi ministro da Economia do segundo governo Carlos Andres Perez, na Venezuela, e responsável por desastrosas medidas ultra-ortodoxas, nos anos 80, como aumento de três dígitos e cortes de gastos, que causaram uma rebelião no país, com a morte de pelo menos 200 pessoas.

Para Ferrari, o controle de capitais só será eficiente na imposição de limites à especulação financeira se adotado por todos os países, a exemplo do que foi decidido após a Grande Depressão, nos anos 30.

"Sem consenso, o sistema mundial não se equilibrará. Não adianta apenas Brasil ou Ásia adotarem, se na América Central há paraísos fiscais", frisa Ferrari, lembrando que, no Brasil, as sucessivas elevações da alíquota do IOF se revelaram inócuas devido à falta de autonomia sobre a política monetária.

Ainda assim, ele considera que a adoção unilateral do controle de capitais será muito bem-vinda no país. "Com juros básicos em 11,25%, em contraste com o restante do mundo, o grau de arbitragem dos especuladores permanece muito elevado, incentivando a prática do carry trade – financiamento a juros baixos para especular em outros país. É necessário um controle mais efetivo, não apenas taxando, mas estabelecendo controles quantitativos, tipo quarentena, ou exigindo que parte do dinheiro seja compulsório, sem rendimento."

Fonte: Monitor Mercantil