Brasil estuda exportar urânio enriquecido
Detentor de uma das maiores reservas de urânio do mundo e conhecedor da tecnologia necessária para a sua produção, o Brasil negocia, desde o final do mandato de 2010 a venda do combustível enriquecido à China, Coreia do Sul e França. Apesar das negociações, ainda não há uma decisão oficial sobre a produção de urânio enriquecido para a exportação.
Publicado 07/02/2011 10:32
O governo apresentou proposta de venda para 30 novas usinas em construção na China e para clientes da multinacional francesa Areva, maior produtora de urânio enriquecido do mundo e parceira na construção de Angra 3.
Estudo feito pela Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República (SAE) e pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) recomenda a produção do excedente de urânio enriquecido para a exportação. O levantamento adianta que o Brasil pode lucrar anualmente US$ 1,5 bilhão de reais. Tal alternativa, no entanto, ainda não foi oficializada pelo governo.
"A queda de braço entre fornecedores de urânio natural e fornecedores de serviços de enriquecimento favorece o segundo grupo, mas beneficia ainda mais aqueles que puderem operar integrados", afirma o texto do estudo, que defende ainda celeridade para que o país entre no mercado internacional em quatro anos.
O produto que o País quer exportar é para uso pacífico, não militar. A diferença está na concentração de urânio U-235, que ocorre quando o produto é enriquecido.
O urânio pouco enriquecido, com 2% a 4% de U-235, é suficiente para mover usinas nucleares. Nestes tipos de geradores, a energia criada pela fissão dos átomos é usada para ferver água. O vapor move as turbinas da usina, gerando eletricidade. Esse mesmo nível de enriquecimento de urânio, entre 2% e 4%, também é usado para mover porta-aviões e submarinos que usam reatores nucleares.
Já o metal altamente enriquecido tem entre 90% e 99% de U-235. Como essa concentração é muito grande, o produto gera uma energia absurda em frações de segundo. Esse é o urânio enriquecido usado na fabricação de bombas atômicas.
Com O Estado de S. Paulo