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“Demos” prometem mais espaço a Kassab; PT nega aliança eleitoral

O DEM aceita abrir espaço na cúpula do partido para aliados do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, caso ele decida manter sua filiação. Apesar da sinalização, feita também para outros dirigentes do grupo minoritário da legenda que defende mudanças no comando do DEM, a direção do partido duvida que Kassab aceite um acordo e continua apostando na sua saída.

Um das hipóteses estudadas pelo prefeito é a de integrar um partido da base de apoio da presidente Dilma Rousseff (PT), como o PMDB e o PSB. Por conta disso, chegou a ser aventada a possibilidade de ele assumir um ministério em Brasília após deixar a prefeitura, em 2012, já que não pode mais concorrer à reeleição. Kassab deve se desfiliar do DEM em março. Mesmo sem o prefeito, a ideia do comando “demo” é fazer gestos de conciliação com seus adversários.

Na próxima segunda, o líder do Senado, José Agripino Maia (RN), candidato do grupo à presidência do partido, almoçará em São Paulo com os ex-senadores Marco Maciel (PE) e Jorge Bornhausen (SC), representantes da oposição, com a mesma oferta de acordo e pacificação. Se houver consenso, os dois grupos apoiariam a eleição de Agripino para a sucessão do atual presidente Rodrigo Maia (RJ).

Nesta quinta, o líder do DEM na Câmara, deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (BA), almoçou em Brasília com Kassab. ACM Neto disse ao prefeito que a atual direção gostaria muito que ele permanecesse e perguntou se ele estava disposto a isso. Kassab não deu garantias de continuar, já que pretende disputar o governo de São Paulo em 2014 — e o DEM, provavelmente, estará alinhado com seu adversário em potencial, o atual governador Geraldo Alckmin (PSDB). Mas avisou que pretende esperar o desfecho do processo de sucessão interna do DEM antes de se movimentar.

A reunião foi um gesto de ACM Neto de que o partido não está abrindo mão de Kassab. O líder do partido é do grupo de Rodrigo Maia, que está em conflito com o grupo de Kassab e de Bornhausen. O partido vai eleger seu novo presidente em 15 de março. Na semana passada, o líder do partido na Câmara já procurou o governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo, que também pode deixar o partido.

Na verdade, Kassab não para de se movimentar. Após jantar na noite de quarta-feira na casa do prefeito — do qual participou Raimundo Colombo —, o presidente nacional do PSB, Eduardo Campos, ficou mais animado com a possibilidade de ambos ingressarem no partido. Kassab, porém, deixou claro que tem duas prioridades: discutir a reformulação da presidência do DEM para em seguida medir qual o poder de influência política terá na nova direção, e trabalhar para fazer o seu sucessor na prefeitura.

A correligionários e integrantes do PMDB e do PSB, partidos com os quais negocia, Kassab tem revelado que, se José Serra (PSDB) decidir disputar a Prefeitura de São Paulo, contará com seu apoio, independentemente do partido em que estiver. Segundo relatos de dirigentes do PSB, o prefeito teria sinalizado que a migração dele e de seu grupo político para o PSB é uma perspectiva real caso não consiga acertar os ponteiros no DEM.

Saindo do partido, o principal objetivo de Kassab é desalojar o próprio Alckmin e o PSDB do governo paulista. O prefeito tem levantado a bandeira de que sua aproximação com os partidos de esquerda aliados a Dilma tem como foco principal quebrar a polarização PSDB-PT e criar uma terceira via em São Paulo. Ele sonha em ir para o segundo turno na disputa pelo governo paulista em 2014 contra Alckmin, tendo o apoio do PT

Entre os seguidores de Kassab no DEM, sobretudo os da ala mais jovem, o PSB poderia ser uma opção mais factível que o PMDB, visto por correligionários do prefeito como um partido bastante regionalizado, com caciques já definidos. Além disso, peemedebistas têm mandado recados ao prefeito, de que não será ele quem definirá as cartas para as sucessões de 2012 e 2014. No PSB, o comando político de Kassab seria mais evidente, já que o partido não tem estrutura forte montada no Sudeste nem no Sul.

PT

Na noite de terça-feira (9), a executiva municipal do PT de São Paulo aprovou um documento rechaçando a possibilidade de construir uma candidatura em conjunto com Kassab na eleição do ano que vem. O objetivo da resolução, aprovada por unanimidade, é esfriar a temperatura das especulações que envolvem o futuro do prefeito.

“Nossa posição é a de construir uma candidatura do PT, conversando com aliados, mas encabeçada por um nome do PT. Não há acordo com o governo Kassab, é uma questão de conteúdo”, disse o presidente dos petistas paulistanos, o vereador Antônio Donato. O DEM fez oposição ferrenha à gestão Lula e permanece no campo oposto a Dilma.

Diz trecho da resolução: “O Partido dos Trabalhadores na cidade continuará lutando contra o sucateamento dos transportes públicos, a ausência de políticas para minimizar os efeitos das enchentes, a odiosa política higienista que expulsa a população pobre do centro da cidade, o autoritarismo que tomou conta das subprefeituras, a falta de planejamento da gestão pública que se reflete na falta de vagas nas creches, e na terceirização sem controle da saúde, entre outras políticas prejudiciais aos paulistanos. Neste sentido, esclarece que não existe nenhuma ‘negociação’ com o atual prefeito, pois temos claro que existem concepções e projetos totalmente distintos para a cidade”.

Da Redação, com agências