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DEM ameaça guerra a novo partido, mas PMDB incentiva Kassab

Gilberto Kassab tem hoje bem menos certeza de que o DEM ficará quietinho quando começar a sangria de nomes para a legenda a ser criada pelo prefeito de São Paulo — o PDB (Partido da Democracia Brasileira). A sigla deve completar seu processo de validação em sete meses, como determina a legislação.

De acordo com Jorge Félix, do Poder Online, “os ventos de setembro podem fazer o DEM ir à Justiça e essa ameaça começa a turvar a mente de quem já estava com um pé no partido de Kassab”. Nesta segunda-feira (28), o senador José Agripino (RN), futuro presidente do DEM, almoçou com Kassab em São Paulo e fez um último esforço para tentar convencê-lo a permanecer no partido. "Não teve nenhum fato novo", resumiu Agripino.

Até a semana passada, quando lideranças do partido procuraram o prefeito, ele repetia que não havia decidido seu futuro. Dirigentes do DEM não confirmam a operação de redução de danos. Mas o atual presidente nacional dos “demos”, Rodrigo Maia (RJ), afirma que “as dissidências serão muito menores do que se diz por aí”.

Em outra tentativa de minimizar as baixas políticas, o DEM pretende recorrer ao apoio de tucanos aliados, como os governadores Geraldo Alckmin (SP) e Marconi Perillo (GO), além do senador mineiro Aécio Neves. No caso de Perillo, a ajuda é para conter a insatisfação do deputado Heuler Cruvinel, que tem cobrado mais espaço no DEM goiano, nas cidades onde teve maior votação do que o deputado Ronaldo Caiado, sob pena de estudar a saída do partido.

Já Alckmin não tem interesse no fortalecimento de Kassab, adversário em potencial numa eventual campanha pelo governo em 2014. O governador anda irritado com articulações do prefeito para mudar de partido, principalmente o flerte com o PSB, que compõe a sua base e tem um secretário, Márcio França (Turismo). A cúpula do DEM acredita que o tucano pode influenciar na permanência de deputados federais, estaduais e, principalmente, prefeitos que estudam seguir Kassab na sua saída do DEM.

Dos oito deputados federais da bancada paulista do DEM, a direção do partido pretende garantir a permanência de seis. O comando da legenda dá como certa a manutenção de dois deles (Jorge Tadeu Mudalen e Alexandre Leite) e sabe que perderá ao menos dois (Rodrigo Garcia e Guilherme Campos).

A ajuda de Alckmin seria determinante para manter Junji Abe, Eli Correia Filho, Eleuses Paiva e Walter Ihoshi. Todos os quatro podem pender tanto para um lado quanto para outro, a depender do esforço de articulação. Paiva e Ihoshi assumiram mandatos de deputado após Alckmin convidar parlamentares tucanos para compor o seu secretariado. Poderiam ceder com mais facilidade.

O apoio de outros tucanos para frear eventual debandada no DEM passa também pelo futuro do projeto nacional de oposição unindo os partidos. Com a maioria do DEM hoje preferindo apoiar a candidatura presidencial de Aécio, o partido conta com sua atuação junto a políticos da legenda para conter desfiliações e não enfraquecer um aliado.

PMDB

Em contrapartida, o PMDB aproveita a possibilidade de criação do PDB para usá-lo como janela de mudança de partido para pelos menos seis deputados estaduais e quase 20 federais — mesmo que Kassab não vá depois para o PMDB. Será uma forma de driblar a legislação eleitoral e permitir que outros parlamentares insatisfeitos deixem seus partidos e migrem para o PMDB, aumentando sua bancada na Câmara, sem risco de perderem o mandato.

Nos últimos dias, aumentaram as especulações em torno do novo partido e sua meta, de ter vida curta, fundindo-se posteriormente com o PSB. O governador de Pernambuco e presidente do PSB, Eduardo Campos, comanda diretamente a negociação, já que seu partido também está interessado em evitar que o PMDB cresça ainda mais seu poder de influência no governo federal.

Se ultrapassar o número de deputados do PT, o PMDB teria mais força no plano nacional e melhor condição para negociar cargos no governo federal e influenciar na gestão de Dilma Rousseff. Mas Campos, de olho em 2014, quer que o PSB passe a ser esse parceiro preferencial do PT.

Para articuladores peemedebistas, a fusão reforçaria a migração de parlamentares para o PMDB. Eles poderiam alegar que queriam criar um partido, não foram consultados sobre a aliança com o PSB e buscariam novos destinos sem o risco de perder os mandatos na Justiça. Tudo pode estar sendo feito, segundo avaliam políticos envolvidos nas negociações, com o conhecimento da cúpula do PMDB, inclusive do vice-presidente Michel Temer.

O prefeito paulistano integra uma das três forças políticas que dividem o espaço em São Paulo. Kassab controla a máquina municipal, o PSDB conta com o governador Geraldo Alckmin e o PT nacional apoia-se na gestão Dilma. Nenhum desses três vetores anunciou quem apoiará em 2012 para a prefeitura municipal — o que deixa o cenário ainda em aberto.

O PMDB está disposto a ter um nome forte local para as eleições municipais e estadual e só negociar uma aproximação com o PT em um eventual segundo turno, já que o adversário local é o PSDB. Mas alega que o tempo agora é de Kassab. Se ele não se movimentar rápido, a legenda tem outras opções. Uma delas seria atrair o deputado Gabriel Chalita, filiado ao PSB. Chalita avisou que deixará o PSB se Kassab migrar para o partido.

Da Redação, com agências